Dança das Iabás no Xirê (3ª Parte)

Dança das Iabás no Xirê (3ª Parte)

Oxum, com uma dança mais sensual, requebra as cadeiras em balanço cadenciado, olha-se no espelho, às vezes abaixa-se simulando estar perto de uma fonte, banhando-se no rio, ou simplesmente olhando-se nas águas enaltecendo o prazer de admirar-se e de ter consciência de que é bonita. Ao manifestar-se, ri como Iemanjá, e gira, porém com menos amplitude que Iansã. Esta dança desenvolve-se ao ritmo do ijêxá. Oxum dança, usando os braços e mãos de diferentes formas e intenções como se fossem remadas nas águas; abanando-se graciosamente com o leque; empunhando o leque para admirar-se; para fazer suas pulseiras tilintarem através de uma oscilação destes. Sua movimentação é suave, mais lenta e densa, fluida como a água. Simula trejeitos faceiros de uma mulher sensual e lânguida, a dança parece ser de uma bela mulher que sabe que está sendo observada, no entanto finge não notar a presença do admirador, embora toda a sua movimentação esteja calculada para agradar e prender a atenção de quem a observa. Em certos momentos, porém, sua dança pode apresentar uma certa volúpia, quando através de contorções pede aos presentes o mel, símbolo do sabor doce e da essência amorosa da vida.

O seu leque, o abébé, é bastante usado na sua dança. Por vezes empunhado na altura do rosto, simula estar se admirando no espelho ou também pode ser associado a uma das suas lendas em que Oxum usou o reflexo do espelho para cegar seus oponentes e vencê-los.

Sua dinâmica postural é mais suave do que a encontrada na dança de Iansã, seu tronco ondula mais e o corpo divide-se em movimentos entre o lado direito e o esquerdo, ou seja, os movimentos ora são para o lado direito, ora repetidos para o lado esquerdo alternadamente. A transferência do peso é igualmente suave, contendo pouca oscilação de tronco para compensar a transferência. A expressividade de sua dança é composta por um fluxo livre de movimentos, leveza, um tempo desacelerado, e contínuo. O fraseado coreográfico contém um balanço específico, que inclui um aumento gradual da intensidade expressiva. Oxum se move em harmonia espacial, usando movimentos de alcance médio, ou seja, seus movimentos não são tão expansivos ao projetar-se para fora do seu eixo corporal. A rotação da escápula, a mexidinha de ombros, em pequenos giros funcionam como elementos mobilizadores, aumentando um pouco o alcance do movimento e também promovendo o enraizamento do corpo, conectando – o com a parte superior e inferior do tronco, sintetizando neste elevar e abaixar de ombros toda a sua graça sensual.

por Denise Mancebo Zenicola

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