O Preto Velho

A dor é grande e os anos passam, o negro jovem se torna velho e o chicote continua o mesmo, atrás de correntes e grilhões , esconde-se o motivo que o mantém vivo.
O pano de estopa que cobre seu Orixá guarda segredos que ainda hoje tentamos descobrir, já havia tentado fugir mas não tem mais a vitalidade de antes e assim o velho casado ainda sente a dor do açoite, a dor de não poder cultuar seu Orixá.
Na calada da noite enquanto todos sonham , ele reza de forma estranha e complicada, mesmo preso ele chora e pede o direito de seus futuros cultuar sua ancestralidade.
Mais um ano na mesma prisão, já não sente mais as pernas , a corcunda curvada, os olhos sofridos…
A madeira que leva, hoje parece que ganha peso, ao anoitecer ele deita no colo de uma velha quentinha, onde escuta os gritos e os batuques do atabaque de alegria, os grilhões se arrebentão.
Ainda deitado ele derrama uma lágrima e escuta o som da liberdade e agora não pode levantar para comemorar e no ultimo suspiro olha para teu Orixá e vê que seu velho pano de estopa já não está mais lá e agradece a Olorum antes de deixar o mundo e já quase fechando os olhos da um leve sorriso e abraça o seu velho pano de estopa que esquenta e cobre o PRETO VELHO.

autoria : Joyce Santos

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