A Ética e Moral no Candomblé: IV O Dinheiro Compra Tudo?

Publicado em, 13 de Novembro de 2012 no site do Axé Oxumare

A Ética e Moral no Candomblé: IV O Dinheiro Compra Tudo?

Quando iniciamos a escrever sobre a Ética Moral no Candomblé, o tema “O Dinheiro Compra Tudo?” foi um dos primeiros a ser pensado. É, também, uma das sugestões mais encaminhadas para abordarmos como postagem.

Em verdade, as pessoas que nos sugeriram esse artigo, em sua maioria, mencionaram exemplos que, nitidamente, estão na contra mão do Sacerdócio Ético. São ações que são repudiadas pela maioria, criticadas pela maioria, no entanto, a mesma maioria ignora os seus princípios éticos e, principalmente os princípios religiosos, caso recebam uma oferta tentadora para comungarem e balizarem essas ações.

Não podemos, por exemplo, ser coniventes com um Sacerdote/Sacerdotisa que confere a obrigação de sete anos para uma pessoa que ainda não completou essa idade. Um Sacerdote Sério, Ético e de Postura, jamais poderá realizar essa obrigação sem que a pessoa tenha completado essa idade. Àqueles que o fazem, estão ferindo os dogmas do Candomblé e, principalmente, contribuindo para a degradação e banalização da religião.

É igualmente lamentável, que em razão do dinheiro, Sacerdotes implementem rituais em casas/Asè que não os comportem. A Religião dos Òrìsàs é rica em tradições e costumes, entretanto, não são todos os rituais que podem ser realizados em todas as casas. Isso não é preconceito ou segregação religiosa, isso é tradição. Vejamos:…

Quando iniciamos a escrever sobre a Ética Moral no Candomblé, o tema “O Dinheiro Compra Tudo?” foi um dos primeiros a ser pensado. É, também, uma das sugestões mais encaminhadas para abordarmos como postagem.

Em verdade, as pessoas que nos sugeriram esse artigo, em sua maioria, mencionaram exemplos que, nitidamente, estão na contra mão do Sacerdócio Ético. São ações que são repudiadas pela maioria, criticadas pela maioria, no entanto, a mesma maioria ignora os seus princípios éticos e, principalmente os princípios religiosos, caso recebam uma oferta tentadora para comungarem e balizarem essas ações.

Não podemos, por exemplo, ser coniventes com um Sacerdote/Sacerdotisa que confere a obrigação de sete anos para uma pessoa que ainda não completou essa idade. Um Sacerdote Sério, Ético e de Postura, jamais poderá realizar essa obrigação sem que a pessoa tenha completado essa idade. Àqueles que o fazem, estão ferindo os dogmas do Candomblé e, principalmente, contribuindo para a degradação e banalização da religião.

É igualmente lamentável, que em razão do dinheiro, Sacerdotes implementem rituais em casas/Asè que não os comportem. A Religião dos Òrìsàs é rica em tradições e costumes, entretanto, não são todos os rituais que podem ser realizados em todas as casas. Isso não é preconceito ou segregação religiosa, isso é tradição. Vejamos:

Quantas Casas de Candomblé em Salvador possuem uma estrutura sólida e fundamentada nas tradições seculares de suas famílias, mas que, por exemplo, não realizam o ritual do Pilão de Osogiyan ou a Procissão do Ade Bayanni? Isso não é falta de conhecimento, isso é Ética acerca das tradições religiosas daquela casa/família.

Muitas dessas casas não realizam alguns determinados rituais simplesmente por suas casas não comportarem. Quando afirmamos isso, não estamos referindo-nos a estrutura física da casa ou conhecimento religioso, mas sim a estrutura religiosa da casa não comportar determinado ritual. Por vezes, as Divindades que regem aquele determinado terreiro, não possuem qualquer tipo de ligação com o ritual “A” ou “B” e, por isso, esses rituais não são implementados. Mas muitas pessoas não satisfeitas buscam alguém que, por dinheiro, implemente um ritual que em nada tem haver com o seu Òrìsà/casa ou tradição.

Muito podem pensar, mas os Terreiros tradicionais são repletos de rituais, porque as demais casas também não podem ter todos? Sobre isso, em primeiro lugar, reafirmamos o já dito acima. Em segundo, é importante refletir que os Terreiros mais Tradicionais, as chamadas Casas Matrizes já passaram por diversas gestões, com Sacerdotes de diversas Divindades. O que isso explica?

Imaginemos uma casa que foi fundada há duzentos anos por uma pessoa de Bayanni. À época do fundador/fundadora, essa casa implementou diversos rituais específicos desse Òrìsà, sendo ele o patrono da casa.

Com a morte do fundador/fundadora, assume alguém, por exemplo, de Osogiyan. Essa nova Sacerdotisa, além de manter com afinco todas as tradições do antecessor/antecessora (específicos para Bayanni), implementa rituais específicos para Òsògíyan, como exemplo a Festa do Pilão. Com a morte dessa Ìyálòrìsà/Babalòrìsà, assume a terceira gestão, desta vez de Òsóòsì. Essa Sacerdotisa, além de preservar os rituais de Bayanni (fundador), mais os rituais de Osogiyan (2ª gestão), implementa rituais específicos do Deus da Caça. Assim ocorre sucessivamente, ou seja, o Sacerdote mantém os rituais dos seus antecessores e, eventualmente, implementando algum ritual específico do Deus que rege sua cabeça.

Há, ainda, lindos rituais que são específicos de uma determinada casa ou Asè, que jamais poderão ser implantados em outro Terreiro. Dessa forma, um Sacerdote que implementa um ritual inapropriado para uma casa, somente em razão do dinheiro que irá receber, está ferindo gravemente a ética do Candomblé.

Nem tudo que é bonito na casa de um amigo poder ser aplicado em nossa casa. Isso é algo que as pessoas devem ter em mente e, um Sacerdote sério, não pode se vender em detrimento da cultura, da tradição e da memória dos nossos ancestrais. O dinheiro não compra tudo!

Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoando todos!!!

Ilé Òsùmàrè Aràká Asè Ògòdó

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