Ser filho do axé é fácil……, complicado é ser filho de Axé.

Texto do meu amigo Fernando Lima. Que sirva de exemplo para muitos de nós que estamos perdidos e sem rumo. Axé Fernando e obrigado pelo texto.

 

Quando decidimos colocar um jogo e/ou tomar ”axé” em uma casa e nela permanecer como filho de santo, seja feito ou não feito, devemos respeitar os que ali estavam antes da nossa chegada e procurar nos adaptar. Eu sei bem que essa adaptação não é fácil, porém é necessária. Cada pessoa se adapta de acordo com a sua personalidade, sem perder sua identidade e respeitando as leis da nova casa.
Essa adaptação é um tanto mais complicada quando o filho já vem de outra casa, com outros costumes e muitas vezes outros ensinamentos. Essa adaptação pode ser um tanto lenta.
Quando nos introduzimos em uma FAMÍLIA de santo, estamos firmando um laço de cumplicidade com aqueles que nos acolheram, cada qual de sua forma. Diferente da nossa família sanguínea, essa sim podemos escolher.
Fazer santo no meu ponto de vista é um passo muito importante, atrevo-me até a dizer que seja um divisor de águas na vida do Elégùn. Passo esse que deve ser dado com muita precisão. A partir dai cria-se um laço que deveria ser ETERNO. A escolha de uma casa de santo, de uma família de santo e de um zelador ou zeladora deveria ser uma decisão pra toda a vida. Não recrimino aqueles que saíram da sua casa ”berço” cada um procura a sua melhora, cada um escolhe o caminho que quer trilhar. Apenas digo que, o RENASCIMENTO não se apaga! Uma vez feito não se desfaz ou se faz novamente. Não se renega o ”útero” pelo qual se foi gerado, não se apaga os ”braços” pelo qual se foi amparado, não se esquece o ”seio” que lhe deu alimento e muito menos deve ser desonrado aquele que passou a mão em sua cabeça(seu zelador/zeladora).
Por isso, pense bem antes de firmar raízes com uma casa, aquelas pessoas que lhe acolheram e depositaram em você confiança aos poucos não estão ali por brincadeira. O chamado a vida espiritual é algo muito serio, pra ser tratado apenas como um passa tempo.
Honre sua casa, honre sua família, seja bom exemplo, leve consigo a satisfação de ser uma pessoa do axé.
Levante-se para ensinar, mas também saiba abaixar-se para aprender.
Não se compare ou sinta inveja dos demais membros da casa no Àiyé tem espaço para todos. Cada qual brilhará a seu modo.

VIVER EM FAMÍLIA É ISSO, SABER RESPEITAR AS DIFERENÇAS!

Dedico esse texto ao meu Sacerdote, aquele que eu escolhi para cuidar da minha vida espiritual, meu PAI ROQUE D`OBALUAYÊ, o qual tenho muito respeito, apresso, carinho e amor. Por ter o dom de cuidar, por vir a terra com a linda missão de olhar por todos nós, seus filhos.
Dedico também a toda a minha família de santo, do mais novo ao mais velho, como agradecimento a acolhida e desejo cada vez mais a firmeza da união em nossa casa de axé….

Fernando Lima 2014

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