ZANGBÉTÓ: O GUARDIÃO NOTURNO

ZANGBÉTÓ: O GUARDIÃO NOTURNO

O culto a Zangbétó tem origem na região de Hógbonu, no Benin, desde 1711, portanto trata-se de uma divindade Jêje e não Nagô.

Até hoje seu culto existe na fronteira entre o Benin e o Togo. Mais precisamente na desembocadura do rio Mono, em Grand Popo.

Seu nome significa “Caçador Noturno”. Zangbétó é uma espécie de policial, de justiceiro noturno que protege a comunidade de ladrões, caloteiros e canalhas. Estes quando são capturados, sofrem punições muito severas.

Registros contam que eram numerosos os Zangbétó na região que margeava o rio Ouêmé. Contam que os Zangbétó eram protegidos pelos Legba da terra.

Os Zangbétó se apresentam com máscaras horrendas e cobertos de palha densa e colorida da cabeça aos pés, em forma cônica, de tamanho maior do que de um homem e com a largura aproximada de uns dois metros. Eles se comunicavam com voz rouca e anasalada, e dançavam dando saltos acrobáticos e girando em torno de si próprios.

Seus seguidores formam uma sociedade secreta. Só quem é iniciado pode conhecer a identidade dos demais sacerdotes de Zangbétó.

O culto público a Zangbétó parece muito com o culto Egungun, assim como a mística de que não existe ninguém sob as palhas.

Sua origem é explicada pelo seguinte itán: três irmãos andavam em guerra entre si disputando  o mesmo reino. Os dois mais velhos se uniram contra o mais novo. Este, na noite anterior à batalha, teve um sonho: uma figura sobrenatural o aconselhou a se cobrir de palha e, com os seus homens, correr de encontro aos inimigos, fazendo que eles acreditassem que eram fantasmas. E assim o fez quando acordou. O truque funcionou. Os irmãos mais velhos fugiram e o mais novo reinou sozinho. A máscara de Zangbeto é um tributo a essa vitória e por isso se tornou objeto de veneração.

À noite, Zangbétó bate à porta dos adúlteros, mentirosos e usurpadores, exigindo a reparação dos seus erros.

Zangbétó era parente próximo de So Bragadá, de Abomé. Zangbétó era o protetor de Te Agbanlin, que fundou Hógbonu, quando chegou de Alladá.

Durante seu culto, os homens manifestados em Zangbétó quebram garrafas e engolem os cacos junto com cerveja. Outros, lambem barras de ferro em brasa sem se queimar. Contam também que há sacerdotes que espetam o corpo com plantas espinhosas sem que sangrem.

Curiosamente, em setembro de 2009, o acesso a uma escola em Hógbonu foi interditado por um sacerdote de Zangbétó manifestado. A explicação é que a divindade se revoltara contra o diretor da escola que se mantinha no cargo irregularmente.

No Brasil, há quem considere Zangbétó uma das qualidades de Omolu.

Márcio de Jagun

Babalorixá, escritor, professor universitário, advogado e apresentador do Programa Ori (ori@ori.net.br)

Fale Conosco