EFE: O NEUTRALIZADOR DAS FEITICEIRAS

  1. EFE: O NEUTRALIZADOR DAS FEITICEIRAS

Segundo Verger, Efe é um ser vindo do além que consegue neutralizar o efeito dos trabalhos maléficos feitos pelas iyá mi oxorongá, as temidas mães feiticeiras.

Efe não é propriamente cultuado como uma divindade. É um ser imaterial, uma espécie de semi-deus, dotado de alguns poderes que o fazem ser reverenciado pelos homens, mas encontra-se em um patamar abaixo dos Orixás.

A tradição de invocar Efe é grande entre os povos Ayobo, e nas comunidades Awori, Oto-Awori e Iba, na região da cidade de Lagos na Nigéria. Logo, trata-se de um mito da cultura Yorubá.

Alguns acreditavam que Efe seria o próprio Exu transmutado em pássaro.

Efe é trazido às ruas manifestado em um homem, portando uma máscara. Ele é acompanhado por três percussionistas tocando tambores a tira colo, em ritmos alegres e agitados, produzindo o som com baquetas feitas de couro duro em forma de arco.

Efe teria a capacidade de anular os trabalhos maléficos das iya mi, responsáveis por calamidades como secas, infestações de ratos, doenças, etc.

Anualmente, ainda hoje, nas ruas da cidade de Lagos, fazem-se festejos públicos invocando Efe. Isso ocorre sempre na noite anterior ao desfile das máscaras gelede.

No Brasil, este costume despareceu por completo. O antropólogo Edson Carneiro, relata que o último Terreiro de Candomblé a realizar este culto, foi a Casa Branca do Engenho Velho, possivelmente até a década de 40. A responsável era Mãe Maria Júlia de Figueiredo, iyakekerê do Ilê, que acumulava o cargo de iyalode erelu.

Era Mãe Maria Júlia quem coordenava o desfile gelede no bairro da Boa Viagem, em Salvador, sempre nos dias 8 de dezembro. E foi ela mesma quem ensinou os homens do Axé a reverenciar Efe.

Márcio de Jagun

Babalorixá, escritor, professor universitário, advogado e apresentador do Programa Ori.

4 comentários

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    • Luiz Carlos em 20 de abril de 2022 às 22:18
    • Responder

    Boa noite, porque esse culto não é mais realizada aqui no Brasil?

    1. Luiz Carlos, eu não sei i motivo que levou a extinção ou esquecimento desse culto. Mas podemos pensar e tomar por base tantos cultos que foram se perdendo ao longo do tempo por serem cultos familiares e locais que devido terem perdido seus membros perderam também seus segredos/modos de serem praticados. Acho quebisso pode explicar. Vamos conversar????

    • Antônio Vieira de Araújo Sobrinho em 30 de julho de 2022 às 16:16
    • Responder

    Olá Tomeje, boa tarde!
    Por acaso, ou levado pelos orixás, conheci seu blogue., do qual gostei muito. Ocorre que frequentei um barracão de Keto traçado com Umbanda na Ilha do governador (confesso que era a minha segunda casa). Todavia a Ya adoeceu e fechamos as portas.
    Moro no bairro de Campo Grande e gostaria de conhecer uma casa séria e que não vivesse do comércio dos trabalhos espirituais, pois nossa casa era de caridade.
    Pode me indicar alguma?
    Peço sua benção e orientação.

    1. Bom dia, Antônio Vieira. Eu conheço sim, no Magarça, rua Diva número 35. Casa do amigo Pai Gustavo. Dia 06/08 terá a festa do Velho Cipriano da Guiné as 19:00. Boa sorte. Axeô Tomeje.

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