“Ontem Osogiyan me convidou a abrir meu coração”

“Ontem Osogiyan me convidou a abrir meu coração”

Texto retirado do blog ocandomble.wordpress

Autora. Dayane Silva

 

Orixá significa um tanto de coisa em nossas vivências. Ressignifica nosso cotidiano, nossas atitudes, nosso modo de compreender o movimento da vida. Cada dia pode ter um sentido diferente pra gente perceber que esse movimento maluco da nossa rotina em algum momento faz algum sentido.

Ontem Osogiyan me convidou a abrir meu coração. O Orixá que guerreia pela perfeição ontem me tocou de uma forma diferente no barracão. Ressignificou meu momento ao me falar: “abre agora o teu coração, me mostra a imperfeição e aprende comigo a guerrear contra ela”.

“Ajagùnnòn gbá wa o”

Ontem ele veio me ajudar. Mesmo sem eu pedir diretamente, mesmo eu estando no momento cuidando dos objetos de outro Orixá ele se dispôs a querer me ajudar, a convidar-me a soltar meus afazeres, fechar meus olhos e abrir o meu coração. Abri as frestas, os cantos obscuros, demonstrei as minhas mágoas. Ele pediu-me as minhas antigas lágrimas. Mostrei-o. Oralizei as dorezinhas profundas, aquelas que eu não gosto de mostrar a ninguém.

“Elémòsó

Bàbá olóroògùn”

Ele é o guerreiro, o pai das guerras, e naquele momento se ofereceu para guerrear junto comigo, dentro de mim, por mim. Não havia mais ninguém, não havia mais nada. Foi apenas eu, ele e o meu coração.

As palavras são poucas, o vivido foi muito e eu divido a minha experiência porque o sentido maior de tudo é esse: chegar ao ponto em que o Orixá te chama assim, te acalenta assim. O intermédio entre mim e ele foi apenas Exú que propiciou que suas palavras chegassem aos meus ouvidos. Foi para momentos como esse que eu vi tantos anos como abian e cheguei a ser egbon.

Orixá é lindo.

 

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