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Cuidado com o que pede a Oxun.

Muito Cuidado
Com o que se promete à Ọ̀ṣun – a Deusa das Águas!!!

Uma antiga história Nàgó, conta que o grande rei Oluwu, estava seguindo para uma batalha muito difícil, entretanto, ele tinha que atravessar o rio em um dia que o mesmo estava demasiadamente agitado.
Como a batalha era muito importante e Olowu não podia perder nenhum dos seus soldados, ele fez uma promessa a Ọ̀ṣun, a Deusa desse rio, de modo que ele e o seu exército tivesse sucesso na travessia.
Oluwo ajoelhou-se diante do rio e proferiu: ‘Minha Mãe Ọ̀ṣun, se a senhora permitir atravessar o seu rio juntamente com o meu exército e me favorecer na grande batalha, eu lhe darei coisas boas’. Olowu, no entanto, não se atentou que sua esposa tinha por nome ‘Coisas Boas’ (Nkan Rere). Logo após a súplica de Olowu, as águas do rio começaram a baixar, mas Ọ̀ṣun havia entendido que Olowu iria lhe presentear com sua mulher ‘Nkan Rere’.
Olowu e seu exército conseguiram atravessar o rio e venceram a grande batalha.

No caminho de volta, Olowu novamente se deparou com o rio, que uma vez mais estava com suas águas bastante agitadas. Diante do rio de Ọ̀ṣun, Olowu mandou que todos jogassem às águas muitas coisas boas. Assim, Olowu e se exército começou a depositar muitos búzios, muitos ovos, pulseiras e correntes de brinde no rio. No entanto, tudo que eles jogavam ao rio, voltava, ou seja, Ọ̀ṣun não aceitou nenhuma das oferendas e suas águas ficavam cada vez mais agitadas.

Preocupado com aquela situação, Olowu foi consultar o oráculo que lhe disse que Ọ̀ṣun estava irritada, pois Olowu havia prometido a própria mulher ao rio. Somente nessa hora Olowu percebeu ‘Coisas Boas’ também era o nome de sua esposa. Olowu então levou a própria esposa ao rio, de modo que Ọ̀ṣun voltasse a ficar calma.

A esposa de Olowu estava grávida e essa criança nasceu dentro do rio, com a proteção de Ọ̀ṣun. Assim que a criança nasceu, Ọ̀ṣun a devolveu, dizendo que Olowu só havia prometido ‘Nkan Rere’ e não a criança. Sobe o argumento que a criança não poderia viver sem a mãe, Olowu conseguiu consegui convencer a Ọ̀ṣun, devolver Nkan Rere com a condição que o dia que ela faltasse com cuidados que a criança necessitava buscaria ela pessoalmente para morar nas profundezas do rio.

Assim Ọ̀ṣun passou a olhar por aquela criança assim como todas as outras da aldeia e toda mãe que maltratasse seu filhos recebia pessoalmente a advertência de Ọ̀ṣun.

Pai Pese
Casa de Oxumarê

A Casa de Oxumare

Material retirado do site oficial

 

A Casa de Osùmàrè, além de ser um templo tradicional do candomblé, em exercício pleno de suas funções religiosas, é também uma instituição ativamente engajada em iniciativas sociais que visam a contribuir para o desenvolvimento das comunidades localizadas no seu entorno e para a valorização do rico legado cultural afro-brasileiro.

Desde sua fundação, no inicio do século XIX, a Casa de Osùmàrè se consolidou como espaço de resistência e manutenção de tradições africanas milenares. Como templo religioso, o terreiro, sempre manteve ações beneficentes a exemplo da distribuição de alimentos, acolhimento e tratamento de pessoas, dentre outra atividades.
Contudo, em 1988, a partir da criação da Associação Cultural e Religiosa São Salvador, entidade jurídica que representa a Casa de Oxumarê , estas e tantas outras atividades passaram a ocorrer de forma institucionalizada.

Após seu reconhecimento como instituição de utilidade pública, a associação vem atuando sistematicamente como um importante mecanismo de transformação social, realizando atividades culturais e educacionais que visam a ampliar oportunidades de empregabilidade e de geração de renda de pessoas socialmente vulneráveis.

Ao longo dos anos, a Casa de Osùmàrè prioriza o trabalho com crianças e adolescentes, já que são elas as responsáveis pela formação das futuras gerações. Deste modo, os projetos sociais executados têm como finalidade cumprir com os seguintes objetivos:

1) Reduzir a vulnerabilidade aos fatores de risco e diminuir a incidência de crianças no trabalho infantil;
Qualificar adolescentes e jovens para o mercado de trabalho;
2) Garantir a segurança alimentar e nutricional da qual depende o pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes;
3) Incentivar os cuidados básicos de atenção à saúde e prevenção das DST/AIDS;
4) Difundir valores de cidadania e informações sobre direitos e serviços públicos

Venha nos conhecer!
#casadeoxumare

Na matriz africana nao existe a figura do demônio

Na matriz africana, não existe a figura do demônio’, diz babalorixá sobre imagem de Belzebu exposta em fachada de casa no RS
Márcio de Jagun diz que exposição de imagem não ajuda a diminuir preconceito contra religiões de matriz africana.

Por Alan Souza*

24/03/2023 15h39 Atualizado há 17 horas

Michelly da Cigana em frente à estátua de Belzebu, o MaioralMichelly da Cigana em frente à estátua de Belzebu, o Maioral Arquivo pessoal
A discussão sobre a exposição da imagem de Belzebu na fachada de uma casa em Alvorada (RS) expôs uma racha nas religiões de matriz africana.

A proprietária da estátua Michelly da Cigana acredita que sua ação “desmistifica a religião”, a quimbanda.

O babalorixá Márcio de Jagun, doutor em filosofia africana, por sua vez, entende que essa não é a melhor forma de combater o preconceito contra religiões de matriz africana.

Márcio de Jagun é fundador do Instituto Orí, especializado em estudos sobre cultura e religiosidade afro-brasileira.

Ele explica que, apesar de a diversidade religiosa e a laicidade serem garantidas pela Constituição Federal de 1988, há uma discussão que precisa ser feita “do ponto de vista do conhecimento teológico”.

— A umbanda, candomblé e religiões de matriz africana passam por intolerância, uma demonização descabida. A melhor forma de se desmistificar ou “desdemonizar” essas religiões é buscando a matriz teológica: dizer que são crenças que não têm relação direta com o demônio.

No panteão de divindades de matriz africana não existe essa figura e nem mesmo Exu ocupa esse lugar de opositor ao criador.

A imagem que Michelly expõe é referida, muitas vezes, como diabo pela tradição judaico-cristã. De acordo com o babalorixá, no entanto, o “antagonista” ou alguma “personificação do mal” não existe nas religiões de matriz africana.

— Nas religiões de matriz africana não existe a figura do demônio. O satanismo e o luciferianismo, sim, são vertentes religiosas que cultuam essa figura.

A discussão começou com uma postagem de Ivan Almeida em sua conta no Twitter. “Vizinho novo chegou causando no bairro”, brincou ele. A postagem viralizou e, hoje, conta com mais de 90 mil curtidas na rede social.

Segundo a religiosa, apesar de as “divindades não entenderem de internet”, o vídeo de Ivan foi obra do plano espiritual para criar uma “oportunidade de esclarecer quem é essa divindade”.

— Eu estou gostando da oportunidade de desmistificar a minha religião. Essa divindade mudou minha vida financeira, protege minha casa, minha família — explicou. — Alguma voz pra dizer que (a quimbanda) não é uma religião das trevas.

Apesar de ser referida como uma vizinha nova, Michelly da Cigana afirma que mora no bairro há bastante tempo. Mas resolveu colocar a imagem de Belzebu na fachada somente em novembro do ano passado. Ela explica que a estátua é uma representação de sua fé.

— Coloquei a imagem no muro como uma espécie de adoração a Belzebu, o Maioral, uma divindade que cultuo há nove anos, para dizer que não tenho vergonha da minha fé.

*Estagiário sob a supervisão de Carla Rocha

O Ile Osumare…

Material retirado do site oficial da Casa de Oxumarê.

O Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó, registra-se ainda, e com maior frequência, em variantes mais simples: IIê Oxumarê, Casa de Oxumarê, Terreiro de Oxumarê ou Axé Oxumarê.
Sua história remonta ao início do século XIX, como um dos mais antigos e tradicionais Candomblés da Bahia, contribuindo de modo significativo para preservar e difundir a cultura africana no Brasil.
Guardiã e detentora de uma tradição milenar, a Casa perpetua o legado ancestral do culto aos Òrìsàs, lançando as sementes do que hoje representa o candomblé para o país e o mundo. Constitui-se como templo religioso secular, faz parte do panteão de terreiros responsáveis pela gênese do candomblé.
Enraizando-se em quanto templo de candomblé, a Casa de Oxumarê, deu origem a mais de um milhar de Terreiros ramificados em diferentes estados da Federação, e também no exterior, consolidando-se como Casa Matricial.
Dada a relevância de sua expansão a torna principal responsável pela disseminação, do candomblé no Brasil. Compreendendo seu dever e responsabilidade em preservar e dar manutenção a esta religiosidade, atuando também na garantia de políticas públicas par assegurar o direito de professarmos nossa fé.
Desde o Calundu do Obítedo na Cidade de Cachoeira-BA, local da ascendência religiosa primordial da Casa de Òsùmàrè, no Brasil, os pilares de sua formação foram o resgate familiar, cultural e religioso de africanos e afrodescendentes.
Assim no ano de 1836, consolidou-se em templo religioso, sua primeira sede, adquirida pelo saudoso e venerável Bàbá Tàlábí, na Rua das Grades de Ferros, em Salvador. Além de templo religioso fora criada uma irmandade, na qual cada filho e filha de santo trabalhavam para comprar outros negros, respondendo legalmente por eles, favorecendo a reconstrução da unidade familiar para centenas de seres humanos escravizados, agregando-os à família do Àse e difundindo o culto aos Òrisas A Casa de Oxumarê, sofreu uma brutal
perseguição alimentada pela intolerância religiosa de alguns setores da sociedade em diferentes épocas de seu passado, mas reagiu pacífica e tenazmente, cultivando valores da fé, dos ensinamentos ancestrais e a convicção que através da união superaríamos os obstáculos. Para resistir ao regime escravagista, à repressão e à intolerância ao culto dos Òrìsàs, em uma época onde qualquer manifestação cultural e religiosa era considerada crime, o Terreiro de Oxumarê, se fez obrigado a migrar seu templo respectivas vezes:
• 1845 – Bairro da Cruz do Cosme, atual Bairro da Caixa D’ Água, Salvador-BA;
• 1870 – Rua da Lama, Primeiro Distrito de Vitória, Salvador- BA;
• 1905 – Bairro da Federação, Avenida Vasco da Gama, 343, CEP :40.230.731 (acesso pelas escadarias) e Segunda Travessa Pedro Gama, n. 65, Federação. CEP: 40.231.025 (acesso através de veículo).
No sítio onde está implantado nos dias de hoje consiste em um acervo de bens simbólicos que a torna digna de destaque. Seu patrimônio imaterial e material se ligam de modo estreito e são ambos valiosos para a cultura e a memória do país. Indiscutivelmente a Casa de Oxumarê, constitui-se em um marco simbólico de grande relevância e resistência para os Povos de Santo e os grupos afro-descendentes, bem como para todos os cidadãos brasileiros das mais variáveis origens que prezam a liberdade e a cidadania.
importância da casa de Oxumarê para a cultura brasileira e sua permanente contribuição pela preservação da história dos povos africanos no Brasil, resultou nos respectivos reconhecimentos:
• Seu território corresponde à Área de Proteção Sócio-Ecológica do Alto do Sobradinho, instituída pela Lei n.º 3592, de 16/11/1985.
• Declarada Território Cultural Afro-Brasileiro, através da Fundação Cultural Palmares, em 15 de abril 2002, nos termos dos artigos 215 e 216 da Constituição Federal da República e do Artigo 1º da Lei 7.688.
• Registrado em livro de tombo do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC como patrimônio cultural deste Estado, tombamento este homologado em 15 de dezembro de 2004, através do Decreto 9.215, com base na Lei Estadual 8.895.
• 9 de julho de 2014, A MINISTRA DE ESTADO DA CULTURA, Excelentíssima Senhora Marta Suplicy, no uso das atribuições legais que lhe confere o inciso II do art. 87 da Constituição e a Lei nº 6.292, de 15 de dezembro de 1975, e tendo em vista a manifestação do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do IPHAN, na 74ª reunião, realizada no dia 27 de novembro de 2013, resolve: Art. 1º Homologar, para os efeitos do Decreto-lei n.º 25, de 30 de novembro de 1937, o tombamento da Casa de Oxumarê como Patrimônio Material e Imaterial Nacional, através da portaria n.º 68™

Osun a Deusa das aguas

Material retirado do site oficial Casa de Oxumarê

Muito Cuidado
Com o que se promete à Ọ̀ṣun – a Deusa das Águas!!!

Uma antiga história Nàgó, conta que o grande rei Oluwu, estava seguindo para uma batalha muito difícil, entretanto, ele tinha que atravessar o rio em um dia que o mesmo estava demasiadamente agitado.
Como a batalha era muito importante e Olowu não podia perder nenhum dos seus soldados, ele fez uma promessa a Ọ̀ṣun, a Deusa desse rio, de modo que ele e o seu exército tivesse sucesso na travessia.
Oluwo ajoelhou-se diante do rio e proferiu: ‘Minha Mãe Ọ̀ṣun, se a senhora permitir atravessar o seu rio juntamente com o meu exército e me favorecer na grande batalha, eu lhe darei coisas boas’. Olowu, no entanto, não se atentou que sua esposa tinha por nome ‘Coisas Boas’ (Nkan Rere). Logo após a súplica de Olowu, as águas do rio começaram a baixar, mas Ọ̀ṣun havia entendido que Olowu iria lhe presentear com sua mulher ‘Nkan Rere’.
Olowu e seu exército conseguiram atravessar o rio e venceram a grande batalha.

No caminho de volta, Olowu novamente se deparou com o rio, que uma vez mais estava com suas águas bastante agitadas. Diante do rio de Ọ̀ṣun, Olowu mandou que todos jogassem às águas muitas coisas boas. Assim, Olowu e se exército começou a depositar muitos búzios, muitos ovos, pulseiras e correntes de brinde no rio. No entanto, tudo que eles jogavam ao rio, voltava, ou seja, Ọ̀ṣun não aceitou nenhuma das oferendas e suas águas ficavam cada vez mais agitadas.

Preocupado com aquela situação, Olowu foi consultar o oráculo que lhe disse que Ọ̀ṣun estava irritada, pois Olowu havia prometido a própria mulher ao rio. Somente nessa hora Olowu percebeu ‘Coisas Boas’ também era o nome de sua esposa. Olowu então levou a própria esposa ao rio, de modo que υ voltasse a ficar calma.

A esposa de Olowu estava grávida e essa criança nasceu dentro do rio, com a proteção de Ọ̀ṣun. Assim que a criança nasceu, Ọ̀ṣun a devolveu, dizendo que Olowu só havia prometido ‘Nkan Rere’ e não a criança. Sobe o argumento que a criança não poderia viver sem a mãe, Olowu conseguiu consegui convencer a Ọ̀ṣun, devolver Nkan Rere com a condição que o dia que ela faltasse com cuidados que a criança necessitava buscaria ela pessoalmente para morar nas profundezas do rio.

Assim Ọ̀ṣun passou a olhar por aquela criança assim como todas as outras da aldeia e toda mãe que maltratasse seu filhos recebia pessoalmente a advertência de Ọ̀ṣun.

  • Pai Pese
    Casa de Oxumarê

A origem do none Candomble

Ka Nzo Ndombe”!!!
“Ka Ndombe”!!!
“Candomblé”!!!
Hoje vamos falar sobre a origem do nome “Candomblé”, bem como, compreender o motivo que fez com que essa expressão fosse escolhida para denominar a Religião dos Deuses Africanos no Brasil, ao passo que essa denominação é desconhecida em terras yorùbá. Vale salientar que esse termo surgiu na Bahia, sendo que em outros Estados, o “Candomblé” originalmente recebeu outras denominações. Exemplificamos com o “Xangô” (Recife) ou Batuque (Rio Grande do Sul).
Há algumas teorias para a etimologia do termo “Candomblé”. Para nós, o que parece fundamentalmente plausível é que a expressão seja a corruptela de uma frase do idioma Kimbundo, falado em Angola por milhões de pessoas. A frase seria: “Ka Nzo Ndombe”.
“Ka Nzo Ndombe” significa em Kimbundo “Pequena Casa de Negros” ou “Pequena Casa de Nativos”. O “Ka” é utilizado como diminutivo. “Nzo” significa “Casa” (vide o nome de diversos Terreiros de origem Angola, que carregam em seus nomes a palavra “Nzo”) e por fim, “Ndombe” (Negro/Nativo).
Assim, acreditamos que o “Ka Nzo Ndombe” tornou-se “Ka Ndombe”, até popularizar-se como conhecemos e falamos hoje “Candomblé”.
Desse modo, não é difícil imaginar um grupo de negros provindos de Angola, dizer: “Vamos ao Ka Nzo Ndombe”. Afinal, eles deixaram como herança para o português do Brasil, uma infinidade de termos e expressões que tem na sua origem, o Kimbundo. Exemplificamos: “Marimbondo”, “Quitanda” (Kitanda), “Farofa” (Falofa) e tantas outras palavras.
Também não é difícil de imaginar, que nos primórdios do Candomblé na Bahia, os lugares de louvação aos Deuses Africanos fossem casebres em lugares distantes do comércio, onde se agrupavam os negros nativos, ou seja, “Ka Nzo Ndombe” (Pequena Casa de Negros/Nativos).
Mas fica a questão da razão da utilização de um termo Kimbundo para nomear uma religião, não somente dos negros de Angola, mas Yoruba, Dahome (Jeji), Egba, etc. Sobre isso, é importante destacar que no Brasil, originou-se um fenômeno de irmandade e de laços étnico-religiosos que no continente africano, a princípio era inexistente. Inexistente por questões como a distância física entre Angola e Nigéria (mais de 2 mil quilômetros), bem como, as disputas territoriais entre Nigéria e Dahome (Benin). Esse conglomerado religioso e de respeito mútuo emergente no Brasil, dificilmente pode ser imaginado no continente africano.
Isso é, sem dúvidas, um aspecto cultural que nos diferencia. Esse respeito e ligação entre os povos são identificados igualmente em alguns cânticos. Basta observar, como exemplo, aquele que se tornou um hino no Brasil para as casas de origem Yorùbá, que diz que os Filhos do Alaketu (Rei de Ketu) devem-se abraçar (…Omo Alaketu Famora…)
Essa união ora edificada pelos negros religiosos que aqui se estabeleceram responde a questão do surgimento do termo “Candomblé”, bem como, sua utilização por povos distintos à origem Angola. Mas se a expressão “Candomblé” nasceu no Brasil, qual então é o nome para a religião dos Òrìsàs em terra yorùbá? No ventre da nossa cultura, a Religião dos Òrìsàs é conhecida como “Isese Lagba” (Ixéxé Lagba) ou ainda como “Esin Ibile Yoruba”.
Pai Pese
Casa de Oxuamarê

Mãe Nilsete e a arvore de Iroko.

Material retirado do site oficial Casa de Oxumare

Como contado na postagem anterior, Mãe Nilzete passou dias em vigília na escadaria da Casa de Oxumarê, em frente a grande árvore Iroko impedindo que os tratores da prefeitura derrubassem a sagrada árvore.

Como em tudo que fazia relacionado ao Axé, Mãe Nilzete tinha muita amor e devoção a divindade e em seus longos períodos de guarda, passou a desabafar seu problemas pessoais com o Orixá Iroko, estabelecendo assim, uma profunda amizade com Ele.

Sobre essa amizade espiritual é importante salientar que mesmo depois que Mãe Nilzete e o grupo de defesa do Terreiro conseguiram mudar o local da passarela, assegurando a integridade de sagrada árvore, Mãe Nilzete ia todos os dias conversar com a divindade. Aos pés de Iroko ela contava suas alegrias, desabafava seus problemas, sorria, chorava e também demonstrava preocupação com sua família biológica e com seus filhos e filhas de santo.

Diariamente ela fazia o mesmo percurso de descer os mais de 100 degraus da escadaria da Casa de Oxumarê em direção a oficina que ficava localizada na parte de baixo da Casa para saber do seu irmão Milton e dos seus sobrinhos, mas não sem antes parar para conversar com seu grande amigo e conselheiro, a árvore sacralizada ao orixá Iroko.

Certa feita, um dia, Iyá Nilzete estava com muita pressa e não parou para falar com seu amigo, apenas avisou:
– Iroko, estou apressada, na volta eu paro e converso com você.

Sensível como era e ainda é, a divindade parece ter se incomodado com aquilo, pois no mesmo instante, de repente, um galho seco caiu sobre o ombro esquerdo de Mãe Nilzete. Ela apenas olhou de soslaio para a árvore poderosa de largo tronco e raízes enormes, e disse:

-O que eu te fiz Iroko? Por que fizestes isso comigo, logo você meu grande amigo e companheiro?

A yalorixá, que sempre fazia confidências com o Orixá ficou muito sentida e subiu para sua casa com o ombro dolorido.

No dia seguinte, ao descer novamente as escadas, fazendo o percurso que já era de costume, Iyá Nilzete, olhou para o alto, bem para o cume da árvore, preocupada em cair sobre ela outro tronco, quando de repente, avistou um brotinho de folha verde caindo, ela ficou observado e broto caiu no mesmo lugar, onde no dia anterior tinha machucado o ombro dela. Ao receber o broto da folhagem, ela pegou um grampo que estava em seu cabelo, e prendeu o presente sobre o seu camisu de rechilieu ao que perguntou:

– É um pedido de desculpas meu amigo?

E novamente, viu outros brotos de folhas verdes caíram sobre ela. Então, com os olhos mareados, ela deu um grande abraço em Iroko e disse ao amigo o quanto o amava.

Ainda hoje, essa história é contada pelos mais velhos da Casa de Oxumarê e todos se emocionam ao lembrar da amizade entre Iyá Nilzete de Yemanjá e seu grande amigo Iroko.

Baba Pesè
Casa de Oxumarê

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Por que vestimos Ogun com mariwo.

 

Texto retirado do site oficial da Casa de Oxa

Hoje vamos contar a razão de vestirmos grande Deus Guerreiro Ògún, de Màrìwò. Antes de tudo, esclarecemos que o Màrìwò é a franja desfiada do broto da Palmeira do dendezeiro, o Igi Ope, uma árvore cercada de mistérios e de importância singular na Religião dos Òrìsàs.
Uma antiga lenda, conta que havia um mercado na cidade de Ire, conhecido por ser um mercado cheio de sofrimento, mas que apesar do sofrimento, o grande Deus da Adivinhação, Orunmilá conseguiu lá a sua prosperidade. Sabendo disso, Òsàlá também almejou a prosperidade, procurando saber com Orunmilá, o que ele deveria fazer para passar pelo sofrimento e conseguir o seu objetivo. Orunmilá recomendou à Òsàlá que fosse ao mercado, mas que tivesse muita paciência, pois assim conseguiria sua prosperidade.
Assim Òsàlá o fez. Na primeira ida ao mercado, Òsàlá não encontrou nada, somente um Ìgbín (caramujo consagrado a Òsàlá), cobrando-lhe pedágio. Òsàlá novamente foi ao mercado e não encontrou nada, além do sofrimento e do Ìgbín que novamente lhe cobrou o pedágio. Mesmo a contragosto, Òsàlá recordou-se que deveria ter paciência, caso desejasse a prosperidade. Na terceira vez que foi ao mercado, ele novamente pagou o pedágio ao Ìgbín, contudo, ao invés de sofrimento, ele encontrou uma grande riqueza, o tornando um grande Rei próspero.
Ao saber que Òsàlá havia conseguido sua prosperidade no mercado do sofrimento, Ògún também procurou saber com Orunmilá, como também tornar-se próspero. Orunmilá lhe disse que ele deveria ser paciente e, em hipótese alguma, deveria usar o seu Alada (Facão) e seu Porrete (Kumo). Ògún, de posse das orientações de Orunmilá, foi até o mercado do sofrimento, chegando lá deparou-se com um cachorro no portão, cobrando-lhe pedágio para entrar.
Ògún achou inaceitável um cachorro lhe cobrar pedágio e, num impulso imediato, pegou seu Alada, ferindo o cachorro até a morte. Todos gritaram: “Ele matou o Onibode” (o guardião do portão), todos começaram a chorar

e, com vergonha, Ògún correu mata adentro, onde havia uma grande plantação de Labelabe (uma planta cortante, chamada em Salvador de Tiririca). As folhas de labelabe cortaram toda a roupa de Ògún. Quando ele saiu da mata,
chegando a praça principal da cidade, ele estava completamente nu. As pessoas então gritaram “Ògún Kolaso” (Ogun não se cobre com roupas).
Novamente envergonhado, Ògún olhou um Igi Ope, arrancando-lhe o broto e vestindo-se com o Màrìwò. As pessoas, por sua vez, exclamaram: “Màrìwò Asò Ògún-o Màrìwò” (Mariwo é a roupa de Ògún, o Mariwo). Como forma de arrependimento, Ògún desde então, passou a usar o Màrìwò como a sua vestimenta, sendo que as palavras entoadas na ocasião, são cantadas até os dias de hoje, nas festas dedicadas à Ògún, na Casa de Òsùmàrè.

Jamais se esqueçam, devemos sempre ter paciência à busca da prosperidade. Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoado

Baba Pese
Casa de Oxumarê

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Mae Nilzete e a queda da arvore Iroko.

 

Material retirado do site oficial da casa de O

Nas postagens anteriores, compartilhados com vocês a luta de Mãe Nilzete de Iyèmójá para proteger a sagrada árvore do Orixá Iroko e quão profunda foi sua relação com a divindade.
Hoje, através do relato sobre o ocorrido da partida de minha mãe para o orun, demostro a todos vocês a capacidade dos orixás se sensibilizarem, de sentirem nossas aflições e sofrerem com nossas ausências.

Em 1990, no inicio do ciclo festivo religioso do mês de março, após a primeira cerimônia que é consagrada a Òsóòsì, Mãe Nilzete é internada no hospital Jorge Valente, no bairro da Garibaldi. Todavia, o anseio em concluir as cerimônias religiosas era tamanho que conseguiu uma súbita melhora, retornando, assim, ao terreiro para realizar a segunda festa do mês de março dedicada a Ògún. Concluída a celebração, sua saúde retorna ao quadro anterior, obrigando-a a ser novamente internada no mesmo hospital.
Em meio a esta turbulência, decidimos tomar a atitude de cancelar a última cerimônia, a festa de Yemọjá, que encerraria o ciclo religioso do mês.
Quando eu estava descendo as escadaria do Terreiro para visitar minha mãe na UTI, não tive como deixar de perceber a árvore de Iroko perdendo todas sua folhas, eu consegui sentir que assim como eu, Iroko estava chorando pela ausência de minha mãe e temia que ela não mais voltasse.
Assim que cheguei no hospital comuniquei minha mãe sobre a suspensão da festa, momento que fui surpreendido com suas palavras e recebi mais um de inúmeros ensinamentos que carrego até os dias de hoje:
– “Temos uma missão e quando estamos certos que cumprimos a nossa, a alegria toma conta de nossos corações. Tocar Candomblé não é fazer festa, é louvar a natureza manifestada na forma de Òrìsà, é uma forma de agradecer a Deus o mundo que ele nos deu. Seguidores de outras religiões vão para seus templos orar em momentos difíceis, por que no candomblé deixam de realizar a cerimônia ou ficam em suas casas? Vocês vão sim, fazer a festa de minha mãe Iyèmójá! Tenho muito a agradecer a este Òrìsà que tanto me ajudou a cumprir minha missão.”

Assim, após essas fortes palavras, foi mantida a celebração em homenagem a Iyèmójá, sendo realizada em 17 de março de 1990. Determinada em participar do candomblé, Mãe Nilzete cria uma discussão com os médicos dizendo que nada e ninguém a seguraria no hospital, impedindo-a de participar da cerimônia.
Assim, os médicos vendo que proibi-la seria impossível e mantê-la sem seu consentimento dentro do hospital agravaria o quadro, pois Mãe Nilzete estava enfurecida e sua pressão arterial ao extremo, foram obrigados a liberá-la para participar do candomblé, mediante um termo de responsabilidade assinado por sua irmã.
A alegria de estar presente na festa de Iyèmójá, seu Òrìsà, foi contagiante, a paz que sentira era transmitida em seu olhar. E o conforto de tê-la na casa era de uma criança no colo da mãe. Embora nesta cerimonia Iyèmójá não havia se manifestado em Mãe Nilzete, as pessoas presentes não souberam até os dias de hoje. Em meio à cerimonia pública, sua filha de santo, Sandra de Iyèmójá havia incorporado em seu Òrìsà, em meio ao transe, assumiu características próprias da Iyèmójá de Mãe Nilzete, e a aparência física relativamente entre elas foi o fruto deste encanto. Há também quem diga que naquele dia ègbón Sandra tenha incorporado na própria Iyèmójá de Mãe Nilzete, que veio abraçar a sua filha despedindo-se e ao mesmo tempo agradecendo-lhe o amor e a dedicação.
No dia seguinte, preparando-se para retornar ao hospital, reuniu alguns filhos da Casa de Òsùmàrè, entoou uma cantiga: “Olowo a ku, onisegun olo- run, adahunse kò gbe lé aiye, gbogbo a nló”. Traduz-se com as seguintes palavras: “…nem o médico é imortal, um dia todos se vão…”
Todos nós estávamos desesperados e se esvaindo em lágrimas, ainda no pátio antes de entrar no carro olhou para iroko dizendo-lhe que não sabia se voltaria, momento que suas últimas folhas amarelas caíram.

Minha mãe permaneceu internada na UTI por mais alguns dias e, aos 30 dias de março de 1990, se despediu definitivamente do Ayè, indo encontrar nossos ancestrais no Orùn.
Decorridos exatos nove dias de sua morte, a árvore de Ìrókò, com quem Mãe Nilzete desabafava todos os dias e tanto lutou para proteger, não resiste a partida de sua amiga e desaba seu tronco gigantesco, interditando a Avenida Vasco da Gama, por dois dias consecutivos.

Kori, A Deusa Protetora das Crianças!

Material retirado do site Casa de O

Kori, A Deusa Protetora das Crianças!

Uma história Nàgó, conta que Kori não possuía filhos e era muito, muito triste por conta disso. Ela sentia-se só e muito descontente, pois via tantas mulheres que possuíam muitos filhos, mas que não davam valor a eles. Ela dizia para si mesma: “Tantas mulheres com tantas crianças e que não dão valor e, eu, que cuidaria com tanto amor e carinho, não fui agraciada com uma criança”.

A cada dia que se passava, Kori ficava mais triste e desolada, até que um dia ela resolveu consultar o Oráculo Sagrado, para saber se aquele sofrimento teria fim. Orumila, recomendou que Kori fizesse uma oferenda com determinados elementos e que colocasse essa oferenda em um grande campo, afastado da cidade. Kori fez tudo como havia sido orientada, entretanto, não foi ao campo “depositar” a oferenda…

Passado algum tempo, Kori resolveu consultar novamente o oráculo, sendo que ainda não havia ficado grávida. O oráculo a advertiu, ponderando que ela não havia seguindo todas as orientações. Kori lembrou-se que não deixou a oferenda no campo e resolveu desta vez, seguir todas as orientações. Kori preparou as oferendas e partiu para o campo. Quando ela chegou ao campo, ela viu uma única árvore, cercada de pássaros. Nessa hora ela pensou: “Ali deve ter um ninho, por isso há tantos pássaros em volta. Se eu colocar a oferenda lá, também servirá de alimento para esses pássaros.”…

Kori caminhou até a árvore para colocar a oferenda e quando lá chegou, viu que havia uma criança chorando, abandonada. Kori deixou a oferenda e pegou a criança para si, cuidando dela como se fosse sua. Assim, Kori finalmente ganhou a criança que tanto queria e, a partir daquele dia, tornou-se uma grande protetora das crianças.

Em alusão a essa história até os dias de hoje, cantamos:

Kori Koto
Mi Lodo
Orisa Ewe Milodo
Kori-oooo
Eye Koooo

Que Osumare Araka e Iya Kori abençoe todas as Crianças !!!

Casa de Oxumarê.