EFE: O NEUTRALIZADOR DAS FEITICEIRAS

Segundo Verger, Efe é um ser vindo do além que consegue neutralizar o efeito dos trabalhos maléficos feitos pelas iyá mi oxorongá, as temidas mães feiticeiras.

Efe não é propriamente cultuado como uma divindade. É um ser imaterial, uma espécie de semi-deus, dotado de alguns poderes que o fazem ser reverenciado pelos homens, mas encontra-se em um patamar abaixo dos Orixás.

A tradição de invocar Efe é grande entre os povos Ayobo, e nas comunidades Awori, Oto-Awori  e Iba, na região da cidade de Lagos na Nigéria. Logo, trata-se de um mito da cultura Yorubá.

Alguns acreditavam que Efe seria o próprio Exu transmutado em pássaro.

Efe é trazido às ruas manifestado em um homem, portando uma máscara. Ele é acompanhado por três percussionistas tocando tambores a tira colo, em ritmos alegres e agitados, produzindo o som com baquetas feitas de couro duro em forma de arco.

Efe teria a capacidade de anular os trabalhos maléficos das iya mi, responsáveis por calamidades como secas, infestações de ratos, doenças, etc.

Anualmente, ainda hoje, nas ruas da cidade de Lagos, fazem-se festejos públicos invocando Efe. Isso ocorre sempre na noite anterior ao desfile das máscaras gelede.

No Brasil, este costume despareceu por completo. O antropólogo Edson Carneiro, relata que o último Terreiro de Candomblé a realizar este culto, foi a Casa Branca do Engenho Velho, possivelmente até a década de 40. A responsável era Mãe Maria Júlia de Figueiredo, iyakekerê do Ilê, que acumulava o cargo de iyalode erelu.

Era Mãe Maria Júlia quem coordenava o desfile gelede no bairro da Boa Viagem, em Salvador, sempre nos dias 8 de dezembro. E foi ela mesma quem ensinou os homens do Axé a reverenciar Efe.

Márcio de Jagun

Babalorixá, escritor, professor universitário, advogado e apresentador do Programa Ori (ori@ori.net.br)

 

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