Não! Definitivamente não estou hierarquizando a fala. Muito menos quero apontar quem deve falar ou que o que pode e o que não pode ser falado. Mas é ponto pacífico entre as pessoas sérias, que falar não é uma prerrogativa de todos e que os assuntos abordados devem ser muito bem selecionados e, para essa tarefa, o tempo de janela é imprescindível. É preciso ter embasamento e reconhecimento dos seus pares para se arvorar em falar.

Nossas tradições religiosas de matrizes africanas são, exclusivamente, baseadas na sabedoria que o tempo e o fazer dentro de uma Casa religiosa lhe proporciona, ou seja, quem ainda não possui tempo e sabedoria suficiente deve ouvir e praticar os ensinamentos dos mais velhos. O respeito a esse princípio é fundamento básico para que não cometamos erros grosseiros como os que tenho visto ao longo desses anos de trabalho na internet.

Se alguém pensa que me refiro aos vários canais e blog e outros meios de comunicação criados por mais novos e mais velhos que se acham no direito de palpitar sobre a religião, não é isso. Estou preocupado, sim, com o estrago devastador que está sendo feito na nossa religião por estes diversos faladores e conhecedores de fundamentos.

Aos mais novos que criam grupos de face, de zap, e canais. Lembrem-se que vcs deveriam zelar pelo silêncio respeitoso e primar pela educação de axé que recomenda que os mais novos devem ouvir e respeitar. Não lhes cabe discordar, difamar, zombar ou inventar qualquer coisa sobre a religião. Lembrem-se que os mais velhos são suas bibliotecas vivas e é somente com respeito a eles que se mantem a religião.

Aos mais velhos que seguem o exemplo dos mais novos e falam e falam e falam em público tudo aquilo só deveriam falar em particular, repensem seus ensinamentos, revejam suas posturas e relembrem como cada um de vcs custou a aprender tudo que sabem. A religião não pertence a vcs, vcs pertencem a religião. A sua função dos mais velhos é entregar ao mais novo a religião tal qual ela lhe foi passada, sem acrescentar ou retirar nada.

Agora vem o Sim! kkkkk É um desabafo! Tenho visto canais de genge nova e gente velha de religião que falam absurdo, inventam e até mentem. Tudo na intenção de receber o “joinha”, de monetizar o seu canal. Tudo isso disfarçado de ensinamentos. Ensinamentos estes que não lhes pertence, que não foram pedidos e que não se sabe a quem está sendo entregue e/ou o que está sendo feito com esse ensinamento. Eu aprendi ao longo de muitos anos de joelho no chão, e faço isso até hoje, que o aprendizado daquilo que é importante, se dá no âmbito do privado, dentro do axé no silêncio da função e no dia a dia das conversas com os mais velhos. Banalizar o conhecimento como tem sido feito é desonrar os mais velhos e a religião.

Me deixou muito triste ver três destes canais em especial. Um mais velho, um mais novo e uma menina. O mais velho na tentativa de angariar clientes ou visualizações, fala de assuntos que ele deve ter vivido ao longo do seu tempo de religião, como se fossem receitas de bolo. Mistura assuntos e crenças, fala de todos os segmentos como se fossem um só, como se pudéssemos colocar todos num grande panelão e discorrer sobre todos os temas. Não podemos falar daquilo que é feito na casa do vizinho. O mais novo até me parece simpático, porém vazio. Tem a prepotência de analisar e corrigir os rumos daquilo que aprendeu (ou não aprendeu) com seus mais velhos. Se tivesse aprendido o mínimo não estaria falando em público sobre aquilo que, como já falei antes, é privado. A menina…… essa me espantou muito, de modo negativo. A sua fala é dúbia, não compreendi se ela é da religião, se está fora, se é contra ou a favor de alguma coisa. Ela aponta dedo para liturgias que não são feitas no seu segmento e diz que são desnecessárias. Ela debocha dos mais velhos e os chama de falsos, ela ri, debochadamente de assuntos que demonstra desconhecer. Ela até é articulada, fala bem, impressiona e dar um ar de conhecimento e coesão ao que diz, isso aos olhos leigos, por que basta um ouvido apurado para perceber que a tal menina pouco sabe e que no fundo disso tudo ela deseja o status e glória de ter seguidores.

Este texto desabafo é a minha maneira de questionar o que está acontecendo na nossa religião e tentar responder a uma pergunta que me faço há anos. Aonde vai parar a nossa religião? A quem interessa essa exposição negativa na mídia? Em parte do caminho nós erramos? Não é possível mais seguir esta trilha, é preciso retomar o controle de nossa condição de religiosos sérios, não há necessidade de seguir os caminhos midiáticos que as outras religiões que nos atacam, usam para se promover. Creio firmemente que erramos no ensinamento dos mais jovens, por isso estou aqui há tanto tempo falando de cultura e respondendo questionamentos. Mas precisamos ter o discernimento do que é ensinamento e do que é promoção pessoal e monetização sem preocupação com as consequências de nossas palavras.

Eu desejo que este teto chegue aos que andam por aí falando aquilo que deveriam ensinar pelo exemplo de retidão e respeito, e não em comentários desnecessários e descabidos. Axé e felicidades. Babá Tomeje.

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