Compartilharmos com vocês nesta data as 7 perguntas feitas para a apresentação do Bàbá Márcio de Jagun à Conferência anual da DVRW (Associação Alemã para o estudo das religiões) deste ano sobre “Como as deficiências e as pessoas com deficiências são vistas e entendidas dentro das cultura Yorubá e nas religiões afrobrasileiras

 

Resposta 1: Conforme a cultura ioruba, o Odù (trajeto de vida) é escolhido pelo próprio indivíduo, com o objetivo de desenvolver virtudes. O corpo, neste contexto é o “veículo” mais adequado para o tipo de percurso escolhido. Logo, não existe a perspectiva de corpo “deficiente”. Todo corpo é apropriado ao destino que se escolheu.

 

Resposta 2: Como disse, a ideia de “deficiência física” é ocidental e não uma questão para os africanos.

 

Resposta 3: Na versão do mito da cosmogonia ioruba que trabalho nos meus livros Orí a Cabeça como Divindade e Filosofia Descolonial do Candomblé Nagô, não há nenhuma referência a pessoas com deficiência.

 

Resposta 4:  Desconheço relação de Nàná com pessoas com deficiência.

 

Resposta 5: Como explicado a ideia de “corpo deficiente” é uma construção ocidental e não ioruba. Os iorubas acreditam que a vida é completa neste mundo, quando presentes os seguintes requisitos: òjijì (a sombra – capacidade de produzir movimento), orí (a cabeça – capacidade de discernir), Ẹlẹda (a fagulha divina) e èmi (o hálito – capacidade de comunicar-se).

 

Resposta 6: Ọ̀sányìn tem uma só perna, como as árvores possuem um só tronco. Ele não é deficiente, como as árvores não o são.

Os Pretos Velhos são espíritos que se apresentam com as marcas naturais da idade.

Importante frisar que a “deficiência” e o preconceito, são construções a partir de um ideário padronizado pelo ocidente.

 

Resposta 7: 7) No Candomblé, Ògún é considerado como o Deus das inovações e descobertas científicas. Ou seja, a ciência está em nosso altar. Não há conflito entre ciência e religião. Todos os inventos úteis à humanidade, são propiciados, ou inspirados na capacidade inventiva de Ògún.

Contudo, durante o período do recolhimento iniciático,  recomenda-se que os neófitos, como bebês, estejam desprovidos de todos esses aparelhos. O objetivo, é colocá-los em harmonia plena com seu próprio corpo no período da gestação. Depois, podem voltar a usá-los. Contudo, a ideia é que se sintam plenos com, ou sem os aparelhos.

 

 

 

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