A Iniciação.
Não há nada mais difícil, desafiador e ao mesmo revelador do que o a iniciação no Candomblé.
O processo iniciático começa com uma lenta regressão. A pouco e pouco, vamos nos desligando da vida profana exterior ao Barracão e mergulhando no ambiente do Terreiro.
Nessa imersão, somos gradativamente limpos de todas as energias negativas, das vaidades, das individualidades; e vamos sendo apresentados a uma nova sociedade: a Comunidade de Axé. Essa sociedade tem regras e rotinas próprias. E para bem entendermos essa dinâmica ímpar, aprendemos logo de início os pilares básicos: obediência aos mais velhos, humildade e solidariedade.
Na iniciação, reaprendemos tudo. Reiniciamos a vida. Renascemos para o Orixá e com o Orixá.
Inicialmente nos parece incômodo e sem sentido só falarmos quando nos é dada licença; não olharmos nos olhos dos nossos interlocutores; sermos privados das mais íntimas e básicas escolhas. Mas essas são profundas e sábias instruções. São indicativos de que devemos aprender a “sentir”, antes mesmo de aprendermos a “agir”. É dessa sensibilidade, é dessa dedicação que o Orixá precisa para se manifestar em nós de forma plena.
Esse período de regressão e imersão é único. Nunca em toda a nossa existência, teremos 21 dias de retiro para pensarmos exclusivamente em nossa vida. Repensarmos nossos atos, reprojetarmos nossas estratégias de vida, desenvolvermos nossa relação com os Orixás.
Neste período, conhecemos suas histórias, regências, energias, rezas, cânticos, toques, danças, mistérios e tabus.
Na iniciação, nos deparamos com as mais fortes manifestações de energia de nossa existência, até então. Morremos e nascemos, pedindo licença e bênçãos a todos os Orixás. Redirecionamos nossos odus (destinos), sedimentamos nosso vínculo definitivo com nosso Orixá.
Ao contrário do que pensam, esse chamado vínculo definitivo nada tem de prisão. Pelo contrário! Os Orixás são forças da natureza e na natureza não há prisão, há liberdade! Liberdade de sentir, de perceber, de reconhecer, de intuir, de realizar. A prisão só existe na consciência pesada de cada um. Muitos homens viveram presos em celas, atados a grilhões de ferro, mas eram livres em sua fé, em seus pensamentos. Como nos ensinaram nossos ancestrais escravizados, e como modernamente nos mostrou o ícone Mandela.
Após todos os procedimentos litúrgicos, quando o Orixá dá seu nome diante da Comunidade, ali inicia a festa de nascimento de mais um adepto. Ali festeja-se a preservação e o crescimento da tradição trazida do outro lado do Atlântico, embutida no peito dos escravos. Naquele momento renasce e renova-se a esperança, a vida e a fé.
Depois desse evento, como bebês recém-saídos do útero de Oxum, vamos então lentamente sendo reconduzidos à vida, experimentando novamente o retorno aos hábitos do cotidiano. Vamos valorizando a liberdade em cada gesto, em cada pequena permissão que nos é concedida.
Deveríamos falar mais sobre a iniciação. Acho importante que o iniciado valorize cada minuto dessa experiência tão especial. É importante que ele se prepare não somente para os ritos, mas para o fenômeno de renascer. Para a rara oportunidade de reescrever a sua história.
Desejo que os abiãns não queiram se iniciar pela mera vaidade de serem adoxados.
Desejo que o exercício de humildade aprendido, seja praticado também do lado de fora do roncó.
Desejo que os irmãos se preocupem mais em orientar do que em punir.
Desejo que tenhamos sempre força para não nos afastarmos dos nossos propósitos, e acima de tudo, que não nos esqueçamos nunca de que o Candomblé é uma Religião. Não é uma seita, nem um conjunto de rituais que visam apenas sortilégios e magias, sem regras, sem moral e sem ética.
Por isso o sentido da iniciação: para que o homem velho morra em vida, cedendo espaço para que o homem novo reconduza sua existência em harmonia com os deuses, com sua consciência e com a natureza.
Que o Grande Arquiteto do Universo nos ilumine e ampare em nossa jornada.
Márcio de Jagun
Babalorixá, escritor, professor universitário, advogado e apresentador do Programa Ori (ori@ori.net.br)
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Através deste comentário, queremos agradecer a todos as demonstrações de carinho com o nosso trabalho neste blog. Fiquem todos a vontade apra comentar e perguntar sobre os assuntos postados. Axé à todos, Tomeje.
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Volte sempre meu irmão e esteja sempre a vontade aqui. Axé, Tomeje
Boa noite Tomeje, tudo bem? A benção!
Faz realmente muito tempo que não posto nenhum comentário no blog… Não que eu tenha deixado de acompanhar, acesso todos os dias, mas é tanta correria no dia-a-dia que as vezes parar um minuto nos parece impossível! rsrs.
Hoje eu tenho uma noticia boa e uma contraparte que está de certa forma onerando o meu juízo…
Tomeje, eu devo me iniciar em muito em breve, já nos próximos meses! Estou muito contente! Afinal, é uma espera por volta de uns 12 anos…
A contraparte disto, é que eu já estou muito ancioso desde de agora! Fico pensando sobre o assunto praticamente o dia inteiro. Tenho medo que esta anciedade se propague até o dia marcado e que de certa forma possa atrapalhar algo… Creio que nervosismo, anciedade e alta expectativa, não devem ser nada bom neste momento, porém não consigo me abstecer desses sentimentos por mais que tente! rsrs.
De resto, só queria compartilhar esta decisão com o senhor! Afinal de contas, venho compartilhando desde o momento que buscava uma casa, que enfretei problemas pessoais devido a religião e desde o momento que me tornei abyian. Agora vamos postando sobre as novas etapas!
Abraços!
Alex
Meus caros irmãos perdoem minha ausência e minha demora em responder, mas tive um problema no computador e só agora conseguimos solucionar. Alex que felicidade seu comentário. Que sua iniciação seja de axé, felicidade, crescimento pessoal (espiritual) e que vc se torne um omo oluábiou seja, um “filho de bom caráter”. No teatro á uma expressão interessante sobre isso eu vc está sentindo, “seja uma folha em branco” deixe que o seu pai ou mãe imprima em vc marcas, letras, emoções e sentimentos. Seja uma folha em branco meu irmão. Axé, Tomeje.
Muito obrigado por suas palavras, Tomeje!
Necessitei realizar uma pesquisa para tentar me aprofundar no que seria ser uma “folha em branco” rsrs.
Vou tentando exercitar isto o maximo possível neste momento e durante o que há por vir!
Mas uma vez, muito obrigado!
Olá, tenho lido alguns textos deste blog e fiquei muito feliz em encontrar pessoas dedicadas e sensatas, que divulgam o conhecimento e não a superstição. E por isso mesmo fiquei com muita vontade de conhecer a sua casa. Poderia me indicar o endereço? Grata pelo trabalho de vocês.
Helga que bom que vc gostou do nosso trabalho, se procurarmos na net e em outro meios de comunicação, com certeza, vamos encontrar mais pessoas dedicadas ao axé. Além deste blog nós temos um programa de rádio (programa ori, 4a feira de 23 as 00:00 na radio metropolitana Am 1090, RJ ou pelo site http://www.ori.net.br ) e um programa de televisão, programa ori na tv. Nossas Casas de Axé são aqui no RJ, em que podemos te ajudar? Axé. Tomeje.
Se possível, gostaria de visitá-los nos dias que pessoas de fora da comunidade possam participar. No dia 20 de novembro haverá alguma celebração na casa? Grata. Axé.
Helga a Casa do meu Pai Marcio de Jagum está, temporariamente, em recesso. A minha está com funções internas. Mas, por favor, me diga em que estado vc mora, e me envie um email válido para que eu possa te avisar de algum evento. Axé. Tomeje.
O e-mail que eu utilizei para mandar esta mensagem eu uso normalmente. Eu estou na cidade do Rio de Janeiro todo final de semana, moro na região serrana. Muito grata pela atenção e parabéns para vocês todos pelo trabalho de divulgação que desenvolvem, evitando os preconceitos e desmistificando conceitos importantes, sem pretenderem ser donos da verdade. Me interessa muito este conhecimento e este caminho espiritual, que está muito relacionado com a capoeira angola que eu vivo. Axé.
Boa noite, Tomeje. O sr. poderia falar um pouco sobre os prováveis casos em que uma pessoa não necessite ser iniciada ou não ser raspada? Axé!
MSC eu conheço aqui no RJ uma grande Yalorixa que ficou 19 anos como abian. Conheço também pessoas que nunca foram iniciadas, ficaram abian a vida toda. Hoje parece que as Casas tem síndrome de iniciar os outros (ou necessidade financeira), e nem sempre foi assim. Há pessoas que não deveriam ou não precisariam, ser iniciadas, mas tem o glamour, a vontade, o desejo de ver o sobrenatural e aprender palavras mágicas, e o status diante dos demais filhos da Casa (Eu sou iniciado). Eo status do sacerdote que tem centenas de iniciados. Mas na pratica a iniciação não é uma obrigação ou um impeditivo a nada na religião.
Por outro lado, que eu conheça, temos um único caso de impeditivo de raspara o yawo. É quando ele abikú de um determinado tipo. Mas para verificar isso é uma complicação danada, é preciso a confirmação de diversos sacerdotes, observação, rezas, oros………… Só neste único caso não se raspa. Mas se inicia rsrsrsrs Compliquei né? Tomeje.
Complicou. Rsrs. Mas o sr. disse uma verdade em relação à questão financeira, muitos sacerdotes só visam isso, nada mais, não importando se a pessoa tem ou não a necessidade e/ou o desejo de se iniciar. Acredito que esse seja um dos motivos que nos faz ver pessoas entrando e saindo de Casas de Axé, que não criam laços com a Casa que as iniciou, etc. Por isso gosto muito e compartilho do pensamento que o sr. tem, que é a vivência como abian. A cada dia que passa penso que esse momento seja indispensável para uma certeza futura. Grata, e axé!
Motumbá. Neste dia não poderia deixar de vir aqui, não para tirar dúvidas ou algo do tipo, mas sim para felicitar o sr., baba Tomeje, e o baba Márcio de Jagun pelo dia de hoje e pelo trabalho que têm desenvolvido aqui no blog e no canal Ori. Os srs. têm sido verdadeiros Pais do axé para mim e acredito que para muitos outros que buscam conhecimento através dos srs. Quero agradecer imensamente pelos conselhos dados e questionamentos que me fazem ter em muitos momentos e pela vontade do aprendizado que impõem quando são verdadeiros nas palavras ditas. Que Olorun os proteja sempre e dê muita saúde e felicidades nesse caminho que não deve ser fácil, mas que somente pessoas como os srs. deveriam trilhar. Adupé!!! Axé!
MSC obrigado, ficamos felizes e agradecidos pela mensagem e pelo carinho. Que Ogum te abençoe sempre e te de bons caminhos. Tomeje.
Olá!! A mais ou menos 1 ano descobri por meio do jogo de búzios de alguns zeladores que tenho mediunidade e meu orixá pede feitura. Estou como abian em um casa. Tenho muitos sonhos onde aparecem santos católicos e orixás. Uma vez sonhei com uma procissao onde todos eram de camdomble e eu achava um Santo Antônio de prata caído no meu pé. Outra vez sonhei que entrava em uma casa onde havia um santo e uma vela acesa. Eu perguntava que santo era aquele e a pessoa me dizia que se tratava de santo expedito e que ele me protegia. Outra vez sonhei com uma cobra amarela e branca dentro de uma lagoa. De repente ela se transformava em um homem que conheço e me dizia umas coisas em relação a minha vida. A pessoa me passou muita paz e tranqüilidade por isso não tive medo. Outra vez sonhei com uma procissão da virgem Maria. Eu estava vendendo as camisas com a imagem da santa
Cassia, eu tenho uma filha pequena com este nome, legal, né?
Bem vamos lá. Eu sempre digo que esta questão de sonhos é um campo muito perigoso e que deve ser muito bem vista e acompanhada muito de perto por alguém que saiba exatamente o que fazer e como te orientar sobre isso. É que hoje há uma legião de pessoas que se agarram aos sonhos como se eles fossem a única fonte segura de informações, e isso cria um problema muito sério, para a pessoa e para a Casa de candomblé, porque o candomblé é oracular e vivencial, e quando alguém fica refém de sonhos e acha que os sonhos dela revelam tudo acaba criando uma fé e uma religião a parte onde só existe a sua intuição e premonição, e acaba não confinada em nada além dos seus próprios sonhos, entende o perigo??. Por isso eu aconselho que vc vá com muita calma e veja muito bem quem te orienta. Não sou contra nem desprezo os sonhos, mas é preciso saber diferenciar sonho de desejo interior que aflora em momentos de dificuldade ou medo.
Sobre o restante do seu comentário, o meu conselho é que vc vá com muita calma nesta etapa da sua vida religiosa. Geralmente as pessoas ficam toda boba quando alguém fala que ela tem uma mediunidade grande, isso infla o ego e a pessoa pode cair em armadilhas. Segundo o candomblé, todos temos mediunidade, só que em graus distintos, ou seja, alguns são médiuns de incorporação e outros são ogan e outras são ekedjis, portanto não vejo motivo para alardear que vc tem mediunidade, isso é comum.
Essa “confusão” entre os santos católicos e os orixas é normal se vc tiver contato muito estreito com o catolicismo e não há nada de mais nisso, desde que vc compreenda que são culturas e religiões distintas e que não se misturam.
Vá com muita calma neste assunto de frequentar Casa de Axé, porque ser iniciada é um passo que ainda deve estar muito longe para vc, antes disso vc precisa entender muitos outros assuntos da religião, precisa ver se esta é a religião que te agrada de fato. Em resumo, eu acho que vc deve NAMORAR BASTANTE a religião e só depois se decidir por iniciar-se. Vá com muita calma.
E o mais importante, NUNCA SE DEIXE INFLUENCIAR faça somente o que sua cabeça te permitir. Esse papo de que vc precisa se iniciar agora, correndo, quase sempre é papo de quem precisa ter filho de santo na casa e de quem não tem uma Casa de tradição. Geralmente nas Casas sérias e tradicionais a pessoa fica um bom tempo como abian antes de pensar em iniciar-se, é preciso ser abian , é quase uma obrigação na vida religiosa das pessoas.
Procure saber a origem destas pessoas que te falaram de iniciação e de mediunidade, se elas são inciadas, onde foram iniciadas, por quem foram iniciadas e quando foram iniciadas. E sempre de preferencia por Casas tradicionais e bem conceituadas e reconhecidas com Casa de tradição. Isso é fundamental para sua vida religiosa. Nunca frequente Casas sem referencia e Casas que não são uma boa família pra vc. Axé, Tomeje.
Olá!! A mais ou menos 1 ano descobri por meio do jogo de búzios de alguns zeladores que tenho mediunidade e meu orixá pede feitura. Sou filha de Oxum com Yansã e yemanja.Estou como abian em um casa. Tenho muitos sonhos onde aparecem santos católicos e orixás. Uma vez sonhei com uma procissao onde todos eram de camdomble e eu achava um Santo Antônio de prata caído no meu pé. Outra vez sonhei que entrava em uma casa onde havia um santo e uma vela acesa. Eu perguntava que santo era aquele e a pessoa me dizia que se tratava de santo expedito e que ele me protegia. Outra vez sonhei com uma cobra amarela e branca dentro de uma lagoa. De repente ela se transformava em um homem que conheço e me dizia umas coisas em relação a minha vida. A pessoa me passou muita paz e tranqüilidade por isso não tive medo. Outra vez sonhei com uma procissão da virgem Maria. Eu estava vendendo as camisas com a imagem da santa as pessoas que chegavam para participar. E hoje sonhei com uma roda de candomblé e eu estava
em transe, mas eu era uma criança do sexo masculino. Sonhei também que meu exu incorporava em uma pessoa e mandava um recado para mim, que eu tinha de ser iniciada e a hora estava chegando. Acho tudo tão confuso. Tenho muitos sonhos premonitórios também. Não sei esses sonhos tem relação com orixás ou se são coisas da minha cabeça.
Cassia, eu tenho uma filha pequena com este nome, legal, né?
Bem vamos lá. Eu sempre digo que esta questão de sonhos é um campo muito perigoso e que deve ser muito bem vista e acompanhada muito de perto por alguém que saiba exatamente o que fazer e como te orientar sobre isso. É que hoje há uma legião de pessoas que se agarram aos sonhos como se eles fossem a única fonte segura de informações, e isso cria um problema muito sério, para a pessoa e para a Casa de candomblé, porque o candomblé é oracular e vivencial, e quando alguém fica refém de sonhos e acha que os sonhos dela revelam tudo acaba criando uma fé e uma religião a parte onde só existe a sua intuição e premonição, e acaba não confinada em nada além dos seus próprios sonhos, entende o perigo??. Por isso eu aconselho que vc vá com muita calma e veja muito bem quem te orienta. Não sou contra nem desprezo os sonhos, mas é preciso saber diferenciar sonho de desejo interior que aflora em momentos de dificuldade ou medo.
Sobre o restante do seu comentário, o meu conselho é que vc vá com muita calma nesta etapa da sua vida religiosa. Geralmente as pessoas ficam toda boba quando alguém fala que ela tem uma mediunidade grande, isso infla o ego e a pessoa pode cair em armadilhas. Segundo o candomblé, todos temos mediunidade, só que em graus distintos, ou seja, alguns são médiuns de incorporação e outros são ogan e outras são ekedjis, portanto não vejo motivo para alardear que vc tem mediunidade, isso é comum.
Essa “confusão” entre os santos católicos e os orixas é normal se vc tiver contato muito estreito com o catolicismo e não há nada de mais nisso, desde que vc compreenda que são culturas e religiões distintas e que não se misturam.
Vá com muita calma neste assunto de frequentar Casa de Axé, porque ser iniciada é um passo que ainda deve estar muito longe para vc, antes disso vc precisa entender muitos outros assuntos da religião, precisa ver se esta é a religião que te agrada de fato. Em resumo, eu acho que vc deve NAMORAR BASTANTE a religião e só depois se decidir por iniciar-se. Vá com muita calma.
E o mais importante, NUNCA SE DEIXE INFLUENCIAR faça somente o que sua cabeça te permitir. Esse papo de que vc precisa se iniciar agora, correndo, quase sempre é papo de quem precisa ter filho de santo na casa e de quem não tem uma Casa de tradição. Geralmente nas Casas sérias e tradicionais a pessoa fica um bom tempo como abian antes de pensar em iniciar-se, é preciso ser abian , é quase uma obrigação na vida religiosa das pessoas.
Procure saber a origem destas pessoas que te falaram de iniciação e de mediunidade, se elas são inciadas, onde foram iniciadas, por quem foram iniciadas e quando foram iniciadas. E sempre de preferencia por Casas tradicionais e bem conceituadas e reconhecidas com Casa de tradição. Isso é fundamental para sua vida religiosa. Nunca frequente Casas sem referencia e Casas que não são uma boa família pra vc. Axé, Tomeje.
Bom dia, Tomeje. Como o sr. vê esse caso: uma pessoa que faz parte do candomblé e que há pouco tempo passou por um processo de psicografia? Isso pode ocorrer com um médium independente da religião que esteja seguindo? Axé!
MSC eu já recorri a uma Casa aqui no RJ que faz cirurgias espirituais e vi muitos candomblecista lá, mas por trás estes mesmos candomblecistas falam que isso é “coisa de umbanda”, não reconhecem a crença do outro. Tudo isso para te falar que SIM eu acho que é possível sim. Tem muita gente que fala que quando alguém se inicia no candomblé as entidades vão deixar de vir no médium. Eu acho isso um absurdo, por que se aquela espiritualidade vem naquele médium, ela certamente não vem quando o Orixa tira férias ou está distraído, ela vem com autorização do Orixa dono da cabeça. Para mim é perfeitamente aceitável. Mas precisamos compreender que são culturas distintas e não complementares, portanto se o fenomeno persistir é preciso investigar e orientar o médium para não confundir uma coisa com outra por que se não vira bagunça e perde o foco. Axé, Tomeje.
A questão da psicografia também acontece na umbanda, Tomeje? Porque eu pensava que esse fenômeno ocorresse apenas no espiritismo. O fato que relatei tratou-se de uma mensagem de uma pessoa falecida destinada a um familiar dela. No mais, me corrija se eu tiver entendido a sua resposta de forma equivocada. Axé o!
MSC a psicografia pode acontecer sim, mesmo na umbanda, não há limites rígidos que “proíbam” que fenômenos de um segmento não possa acontecer no outro. Mas como eu te falei, é preciso muito cuidado para não misturar as coisas. Sobre umbanda, candomblé e espiritismo na mesma panela. para mim é uma questão de medo dos umbandista e candomblecistas se assumirem e assim eles procuram um nome que seja melhor aceito pela sociedade. Mas isso é culpa nossa que não nos posicionamos diante da sociedade como pertencentes a nossa religião e ponto. Ficamos acuados e com medo de nos revelar. Axé, Tomeje.
Aliás, essa questão de falar em candomblé, umbanda e espiritismo gera uma confusão na cabeça das pessoas. Já ouvi pessoas colocaram o candomblé e a umbanda na mesma panela do espiritismo quando, na verdade, cada uma tem a sua essência, não é verdade?
Boa noite, Tomeje. A pergunta desta vez é: por que em muitas Casas de Axé, principalmente nas tradicionais, as pessoas sempre dizem que a iniciação só ocorre no “tempo do orixá” ou se uma pessoa estiver passando muito mal, mas que não seja por motivos de doença? Seria esse motivo uma forma velada de “testar” o abian para saber se ele será um bom filho futuramente? Rsrs. Axé!
MSC, vc sabe que gosto de vc!? Suas perguntas são sempre “reveladoras” e muito pertinentes. Para te responder, vou recorrer a um trecho de uma pergunta feita há pouco tempo. “”””””Seria esse motivo uma forma velada de “testar” o abian para saber se ele será um bom filho futuramente? Rsrs. Axé!””””””””” Axé, Tomeje. kkkkkkkkkkkkkk
Obrigada, Tomeje. Também gosto muito do sr. Rsrs. Bom, mas para saber se um abian será um bom filho futuramente é preciso esperar por anos para que os mais velhos tenham essa resposta? Kkkkkk. Axé ô!
MSC, quando eu comecei a, literalmente, plantar a minha Casa de Axé, eu não tinha grandes recursos financeiros, como até hoje não tenho rsrsrs, mas a minha maior preocupação era construir um espaço onde houvesse um acolhimento, onde as pessoas se sentissem bem. Para isso conversei, e converso, muito com os mais velhos da Casa, eu limitei vários jardins e áreas destinadas a árvores (são coisas distintas, alguns são árvores e outros são jardins (momento filosofia)). Muitas das árvores que hoje estão em fase de crescimento, são fruto do meu trabalho de colher sementes, cultivá-las, cuidar com carinho até que pudessem ser plantadas em definitivo no Axé. Outras, eu ganhei as mudinhas, e o processo foi o mesmo, cuidei, reguei e na hora certa eu plantei no Axé, no lugar certo, de acordo com o meu planejamento espacial para a Casa de Axé. Cada quarto de Orixa tem o seu lugar específico, cada cômodo tem seu desenho certo e lugar de destino e uso. Nada naquele Axé foi feito sem planejamento. E me orgulho muito quando um irmão da minha antiga Casa vem em visitar e diz que sente ali o mesmo clima da Casa de minha tão amada Yá, seja em detalhes ou no todo.
MSC, eu aprendi com a minha Yá, minha mais velha, que é preciso cuidar igual, seja da muda que vc pegou como semente, ou que tenha vindo já pronta, não importa, é o seu cuidado que vai dar numa boa árvore, ou num bom jardim. O tempo é fundamental sim, ele é que manda neste processo. Mas quando há um bom planejamento tudo vai bem, quando estamos focados num objetivo tudo é mais fácil. E é assim com a sua pergunta. O mais velho tem que ter tido bons exemplos para perceber num abian um futuro líder, e apostar nele.
Algumas árvores no meu Axé, mesmo pequenas, já florescem… Respondi? Sei que foi meio longo e cheio de “entrelinhas”, mas é a minha verdade sobre sua pergunta. Axé e volte sempre, gosto muito das suas colocações. Axé, Tomeje.
Bom dia, Tomeje. Eu compreendo que esse tempo seja necessário, mas o meu questionamento é por que em algumas Casas vemos pessoas passarem muitos anos como abians como, por exemplo, 5, 7, 15 anos… Será que para que os mais velhos tenham essa resposta é preciso esperar tanto assim? Rsrs. Tudo bem que agora me veio à mente a questão do interesse do próprio abian em se iniciar num determinado período ou não, mas, ainda assim, não consigo entender direito essa questão.
Agradeço pela sua resposta, não foi enfadonha, fique tranquilo. Rsrs.
Espero que eu seja, um dia, quem sabe, uma árvore florescendo.
Obrigada por gostar das colocações que faço aqui, isso me faz seguir adiante nesse caminho que o sr. sabe não ser fácil, com mais força e vontade de aprender. Axé o!