A ENTREGA DO DEKÁ – ODÚ IGÊ – IMPORTANTES CONCEITOS DE ÉTICA, MORAL E RESPONSABILIDADES

A entrega do deká, é o ápice da iniciação no Candomblé. Após os sete anos de iniciação, o até então Iaô deverá fazer sua obrigação correspondente e, se tiver em seu destino a função de abrir uma nova Casa, receberá então seu deká (na Nação Ketu, constituindo-se de uma bandeja com os atinentes elementos) ou sua Cuia (na Nação Jeje, sendo a própria cabaça – Àkérègbè, cortada acima do meio em forma de vasilha com tampa, transformando-se em igbaxé, para colocar-se os símbolos).

Apesar desta diferenciação étnica, face ao acentuado sincretismo e integração entres as diversas Nações, tal nomenclatura e procedimentos não são tão rígidos, observando-se diversificação em várias Casas.

Com a obrigação de sete anos (odú igê), o Iaô  passa à categoria de ebômi, ou vodunsi.

O recebimento da cuia, habilita o portador a abrir seu próprio Candomblé, embora não obrigue o novo ebômi a abandonar seu atual Barracão.

A cuia, portanto, contém os elementos simbólicos e necessários à abertura de um novo Candomblé, tais como uma tesoura, uma navalha, búzios, contas, folhas, uma faca, um ekodidé, etc.

A entrega do deká e/ou a exclusiva obrigação de sete anos, são muito esperados pelos filhos-de-Santo, posto que garantem grande elevação na hierarquia do Candomblé. Contudo, devemos ressaltar a importância e as responsabilidades que este passo requer.

Entre os vários deveres intrínsecos, destaca-se a tarefa de zelar pelo Culto, pela Religião, mantendo seus conceitos, preceitos, e corrigindo deformidades que denigrem o Candomblé.

Ao contrário do que muitos supõem, o Candomblé não é uma religião aética ou amoral. Desde os mais remotos tempos na África, já consideravam-se importantes conceitos de moral, ética, tabus (ewós – interdições) e até uma espécie de mandamentos yorubanos.

Segundo a tradição yorubá, a origem dos deveres morais provém da Divindade Suprema (Olorum ou Olodumare). Olodumare colocou nos Homens o Ifá Àyà (O Oráculo do Coração ou Oráculo Interior), o que seria sua orientação ética e moral inatas. Uma pessoa seria boa ou má conforme ela corresponde ou desobedece ao seu Oráculo Interior, à sua consciência.

A busca pela boa conduta seguindo à consciência e às leis superiores, confere ao Candomblé seu “status” de religião, a medida que liga o Homem a Deus (“religare”), proporcionando a melhora do indivíduo.

A concepção de OMOLÚWABI (“filho do bom caráter”), expressa o princípio yorubano de que o cidadão deve respeitar aos mais velhos, ter lealdade para com os pais e para com a tradição, honestidade, hospitalidade, coragem, devoção, paciência, verdade, assistência aos necessitados e desejo irresistível ao trabalho, a fim de manter ilibado seu nome e o de sua família (entenda-se inclusive a de Santo).

O mais importante valor do povo Yoruba é o caráter, que é o maior atributo do homem. A palavra iwà vem do verbo wà – Existir, Ser. Odùnrin náa ní ìwà, Aquele homem tem um bom caráter. O indivíduo qué ìwà pèlé não entra em choque com nenhuma força humana e supernatural, vive em plena harmonia com todas as forças do universo. E este fato tem um forte peso no julgamento divino e define o bem estar na terra e o nosso lugar futuro após a nossa morte ou renascimento. Olódùmaré o Deus supremo e conhecido como Olúmònokàn, “aquele que conhece todos os corações”, que tudo sabe e tudo vê, e o seu julgamento é correto e absoluto.

Ìwà nikàn l’ ó sòro o

“Caráter é tudo o que é necessário.”

Eni l’ orí rere tí kò n’ iwà, ìwà l’ o máa b’ orí rè jé.

“Uma pessoa de bom orí, que não tenha caráter, irá arruinar o seu destino.”

Havia também entre os povos Bantos, um conjunto de normas que proibia, entre outras coisas, provocar o aborto, injuriar, cometer adultério, praticar incesto, tudo visando resguardar a moralidade da família.

Alguns provérbios bem revelam isto:

Ebí jàre òle – O homem indolente é o único responsável por sua fome.

Ìsé kó gbékún – Choro não é resposta para pobreza.

Àìfágbá féníkan, kò jé ayé é ó gún – Faltar com respeito à autoridade é a origem dos conflitos do mundo.

Ìwà nikàn l’ó sòro o – O caráter é tudo o que é necessário.

Reza a tradição que Olofin, chamou a todos os homens ao pé de uma montanha para ensinar-lhes as leis, já que não as conheciam. Chamou pobres e ricos, grandes e pequenos, mulheres e homens, alertando-os se quisessem compartilhar com eles suas aldeias que tinha no céu. E deu-lhes seus MANDAMENTOS:

“Não roubarás nada dos outros

Não matarás a quem não tenha lhe causado dano, nem os animais que não precises para teu sustento

Não comerá a carne do ser humano

Viverás em paz com teus irmãos

Não desejarás nada de seus amigos, nem mulher; o que desejares deverás obter de teu esforço

Não amaldiçoarás o meu nome. Respeitarás pai e mãe. Não pedirás mais do que posso dar-te e te conformarás com teu destino no mundo.

Não temerás a morte, nem tampouco a buscarás por tuas próprias mãos. Transmitirás meu mandamento a teus filhos e filhos de teus filhos.

E por último, que minhas leis sejam respeitadas, se não o fizeres conhecerás meu castigo.”

O filho-de-santo, então deve ser orientado, desde sua tenra iniciação, a respeitar estes conceitos, a fim de manter a honra de seu nome e evitar que algo o desabone, bem assim o de seu egbé (sociedade).

Para bem utilizar o deká, é fundamental ser um omolúwabi.

A transmissão destes conceitos, se dá através da tradição oral, dos provérbios, orikis, itãns, canções e, principalmente, por via da aplicação prática.

Não basta possuir o título de ebômi para merecer respeito. É necessário angariar respeito pelos seus gestos e atos. Ao contrário,  o respeito será apenas formalidade hierárquica.

É uma falha do zelador não reconhecer a conexão entre a moralidade e a religião. Isto o leva a entender que tudo se resolve através de ebós. No entanto, grande parte das vezes, o consulente está descumprindo normas religiosas, tais como aquelas acima elencadas, e assim desagradando aos Orixás. Nestes casos, antes de qualquer coisa, deverá corrigir sua conduta para, posteriormente, avaliar-se o cabimento de algum ebó de apaziguamento.

Fundamental também, é entender que apesar de alguém sofrer injustiças, não deve fazer justiça com as próprias mãos.

Fí ìjà fún Olórun já fí owó l’éran – Entregue nas mãos de Olorun para que ele o defenda.

O mal não se combate com o mal. Ao contrário do que se pensa e do que muitos praticam, não se deve pedir a nenhuma Divindade vingança. Nem mesmo agradar Exú para que este faça mal a terceiros.

Exú é o guardião, é o instrumento do equilíbrio da justiça. É o princípio da comunicação, da ordem, do equilíbrio e da harmonia universal. Aí também a energia criadora de Exú. De tempos em tempos, compete a Exú inspecionar o trabalho das pessoas e Divindades, relatando a Olodumare. A Exú cabe aplicar o que couber aos transgressores. Contrariar a isto, será subverter-se à ordem desperdiçando axé e comprometendo-se a si próprio, posto que um erro não justifica outros.

Alertamos no sentido de que todos os envolvidos em trabalhos maléficos (inclusive os de vingança), estarão sujeitos a pagar pelo mal, tanto os que requisitam, quanto os que executam.

Nestes casos, deve-se consultar o jôgo de búzios e verificar o que é mais recomendável, se trabalhos de proteção, afastamento, oferendas, fortalecimento, etc., jamais realizar ebós para o mal.

O guardião da moral do Candomblé, é Oxalá. Seu próprio nome primordial assim o define: Obàtálá – O Rei cuja roupa é branca, ou o Rei que possui honra. A ética e a moral, infelizmente tão esquecidas no Candomblé, são zeladas na brancura de Oxalá e podem ser assim resumidas:

O caráter (ìwà), é o maior dos valores morais e o maior atributo do Homem. Quem tem bom caráter não colide com nenhuma força humana ou sobrenatural, vivendo em perfeita harmonia com o mundo.

A bondade (oore), considerada uma grande virtude, sobretudo quando gera hospitalidade e generosidade. Para o povo yorubá, fazer o bem é a grande realização diária.

A paciência (sùúrú), é entendida como o fator primordial para evitar precipitações que decorram na perca de caráter. A paciência é o primeiro filho de Olodumare e o pai do caráter.

A promessa (Ìbúra), é igualmente um dos mais importantes itens, sobretudo porque desde a iniciação, a pessoa cria vínculos de promessas à Casa  e a sua Divindade.

O respeito (Òwò), a que todos devem entre si, sobretudo aos mais velhos pela sua antiguidade e experiência.

Ser verdadeiro (Olóòtòo), é uma virtde essencial de uma comunidade.

Ser justo e sincero (Olóòdodo).

Fazer caridade (Ìféni).

Respeitar os tabús (Èwò), é também de grande importância. Não se deve transgredir as determinações do que deve ser feito, evitado, comido, vestido conforme a vontade das Divindades, sob pena de gerar as chamadas kizilas.

A literatura de Ifá, é a maior fonte deste valores.

Deve-se conhecer, praticar e orientar aos consulentes  quanto às normas de conduta morais e éticas, tanto para cumprir a função religiosa inerente ao Candomblé, quanto para agradar às Divindades e para a melhora da Sociedade. A consulta a qualquer oráculo, opelê ifá, búzios, alobassá, orobô, inhame (íyan), obi, etc., não deve ser vista como a solução para todos os problemas, mas o meio pelo qual se vê, ou se previne do que está errado, buscando meios de trentar reverter ou amenizar. Importante entendermos por “errado” também as condutas incompatíveis com a ética e a moral das Divindades, e consequentemente da Religião.

Os preceitos éticos e morais devem também nortear os vodunsis quando estes se prestarem a consultar um oráculo para atender a um consulente. Diante disto, não se deve faltar com a verdade; deve-se Ter precaução com o que se diz e como se diz; deve-se agir com bondade objetivando a caridade; e sobretudo deve-se Ter fé, para que a intuição seja norteadora da consulta junto às divindades.

Márcio de Jagun Babalorixá, escritor, professor universitário, advogado e apresentador do Programa Ori (ori@ori.net.br)

Respostas de 38

  1. Por gentileza, gostaria de saber o significado da palavra DEKÁ.
    Sei que o DEKA é a feitura de santo de 7 anos atc.,mas o quec eu quero, é o significado da palavra.
    Antecipadamente, obrigado pela atenção.

    1. Joaquim Nunes Alencar, seja muito bem vindo. Taí uma pergunta que eu já fiz também e que a resposta foi vaga, mas que me deu ao menos um ideia do significado da frase “Deká”. Nem todas as palavras que pronunciamos em língua ritual são apenas palavras, na sua maioria são frases ou contrações de duas ou mais palavras para formar ou dar uma nova conotação a um assunto ou coisa. Por exemplo Yansa, esta é na realidade uma frase comprimida numa única expressão, Yá Messan Orun. E assim temos diversas outras. No caso de Deká a explicação que eu recebi foi que o frase está ligada ao momento em que o filho estaria apto a recolher ou colher os frutos dos eu trabalho.
      Mas vc citou que “Sei que o DEKA é a feitura de santo de 7 anos”. Meu irmão isso eu nunca ouvi falar. A iniciação é uma etapa única, apesar de algumas Casas até rasparem novamente o iniciado quando este completa sete anos, isso não significa uma “feitura” ou “complemento de feitura”. E o que eu julgo mais importante de te dizer é que o conceito de deká é bem diferente do que está feito em hoje em dia, onde todos os filhos que completam sete anos recebem deká como se fosse normal e certo. Meu irmão o deká só entregue a quem tem cargo de sacerdote, todos os demais que completam sete anos passam pelas obrigações de sete anos e ponto final, não deveriam receber deká nenhum, poderiam receber cargo na Casa e ficar lá como Oloyê, mas nunca com deká. Deká não é sinônimo de sete anos, isso é fundamental que compreendamos na nossa religião. Axé, Tomeje.

  2. MOTUMBA . ABENÇA AOS MAIS VELHOS . GOSTARIA DE SABER SE UM VODUM PODE ABRIR CASA DE AXE COM TRÊS ANOS PAGOS E SE ELE PODE RASPAR E DAR CARGO DE SANTO , E SE A SUA ESPOSA PODE SER MÃE PEQUENA DA CASA PELO QUAL A SENHORA E VICIADA EM DROGAS. GOSTARIA DE SABER SE E VALIDO A COBRANÇA DE VALORES PARA EBÓ E OBRIGAÇÕES QUANDO A CASA SE DIS SER DE CARIDADE.

    1. Lucia seja bem vinda ao blog. CORRE, CORRE LOGO DESTA CASA rsrsrsrsrsrsrsrs Querida raramente eu brinco assim, ok? Mas diante dos absurdos que vc presenciou ou soube, a única opção é brincar, né???
      Um Yawo só se torna capaz de abrir Casa quando isso está no caminho da vida dele, e quando ele tem competencia para isso. E não é yawo que “acha” que pode abrir Casa, nada disso, é o sacerdote dele que autoriza e que lhe ensina sobre ser dirigente de uma Casa. Aos 3 anos NENHUM yawo pode raspar ou abrir casa. Isso é errado. Sobre cobranças de valores é outro assunto. Uma Casa de Axé cobra sim, nada exorbitante, mas é preciso ter dinheiro pra manutenção da Casa, não para pagamento de salário ao sacerdote, são coisas diferentes.
      Te aconselho a ver muito bem onde vc está frequentando e ficar atenta, não me parece que vc esteja num bom caminho. Asé, Babá Tomeje.

    1. Varvalho, seja bem vindo. Isso é impossível, não tem base na liturgia. É triste veer que algumas pessoas fazem o que querem da nossa religião, né? Asée felicidades, que Ogum lhe de bons caminhos. Babá Tomeje.

  3. Olá Motunbá! Pode uma ekèjí que não tomou obrigação de 1 ano, carregar a bandeja para entrega do Oyé? Desde já obrigada.

    1. Andrea, seja bem vinda. O ideal é que um mais velho que já recebeu o seu Oyê carregue a bandeja, concordo. Mas não sabemos o motivo de ter sido assim, né? Talvez não houvesse na Casa alguém disponível. Mas o certo é alguém mais velho sim. Asé e felicidades, volte sempre. Baba Tomeje

    1. À todos os leitores do blog, pedimos desculpas pela longa ausência, mas nosso blog este com problemas técnicos.
      Elilde, seja bem vinda. Podemos chamar de ọ̀kànlélógún. Axe e felicidades, Baba Tomeje

  4. boa tarde…

    por favor.. como se chamam as obrigacoes de tres e cinco anos (quando devido);
    e no caso do egbomi nao ter missao de abrir casa… qual seria a funcao dele num yle?
    axe

    margareth

    1. margareth seja bem vinda. Os Oduns de 03 e 05 anos podem ser chamados de Odun Etá e Odun Arun ou Marun. Margareth aqui temos um post com dezenas de cargos litúrgicos que devem ser ocupados pelos egbom da Casa, por fa vor veja a lista de cargos com suas descrições. Axe e felicidade, Baba Tomeje.

  5. bom dia!
    uma pessoa iniciada na umbanda a 14 anos, já dirigente de uma casa, pode recorrer ao candomblé para cumprir algumas obrigações que lhe são exigidas pelos orixás? e receber da casa os ensinamentos de fundamentos e caminho de ifá?

    1. Catarina seja bem vinda ao blog. Vamos devagar e sempre tendo como limite a tradição de cada segmento ok? Na umbanda não existe iniciação, temos na umbanda os amaci, que são banhos de ervas. Temos a camarinha, que é feita apenas para os que serão sacerdotes. Temos alguns recolhimentos para anjo da guarda e para o orixa. Mas não são propriamente iniciações. Todos podem recorrer ao candomblé assim como, todos podem recorrer aos saberes da umbanda, isso é até normal. Mas vc cita que a pessoa pretende fazer obrigações que são exigidas pelos orixas. Isso também pode acontecer, porém, no candomblé a pessoa é iniciada/raspada e depois vai aos poucos fazendo as obrigações de tempo até completar as obrigações com a de 07 anos. Os ensinamentos são passados ao longo do tempo e da frequência no axé. Os fundamentos são ensinados com o tempo, não há outra forma de aprender. Quanto a ifa, não compreendi se está se referindo a jogo de búzios ou ao culto de Ifá. Se for sobre o jogo, o processo é o mesmo, a pessoa vai aprender com o seu sacerdote ao longo do tempo. Vamos conversar mais? Axé e felicidades, Babá Tomeje.

  6. A casa que é Umbanda/ Angola, onde o Zelador dá o Deka ao filho, significa que este filho tem cargo de Zelador? Conheço uma casa em que todos os filhos que fazem a obrigação de 07 anos, recebem o Deka, e não tem cargo de Zelador. Está correto? Estando correto ou não, este filho pode a vir sofrer pelo erro de seu Zelador? No aguardo. Att.

    1. Maria do Carmo, seja muito bem vinda ao blog. Vamos primeiro entender essa coisa de deka e obrigação de sete anos. São assuntos muito distintos e que por desconhecimento tem sido confundidos. Todos nós que somos iniciados devemos fazer nossas renovações de votos religiosos (obrigações). Algumas Raízes terminam esse ciclo aos sete anos e outras Raízes só terminam aos vinte e um anos. Mas todos nós precisamos dos sete anos feitos para nos tornamos um mais velho e assumirmos funções na Casa de Axé. Porém o princípio fundamental para se entregar deka a alguém é a INICIAÇÃO, A PESSOA TEM QUE SER RASPADA E TER FEITO TODAS AS OBRIGAÇÕES. mAS SE A CASA É DE UMBANDA/ANGOLA, COMO ESTA PESSOA FOI RASPADA??????? Nem todos tem função de abrir nova Casa, ou seja, a maioria deveria ficar nas suas Casas para formarem o corpo da Casa, o exemplo para os mais novos, o apoio do sacerdote.
      Por desconhecimento ou mistura, o fato é que há muito tempo o deka virou um “direito” exigido pelo filho e entregue pelo sacerdote. Isso está errado.
      Mais uma coisa me chama atenção no seu comentário e eu quero discutir um pouco. Vc fala que a Casa é umbanda/angola, isso é muito comum, tenho visto muito disso. Quando o sujeito (sacerdote) quer dar um ar de superioridade na sua casa, ele fala que é “””feito no candoblé “””” e em geral é em angola e sai por aí fazendo misturas.
      Sei que o Angola tem raízes que cultuam também os Orixas além das divindades tipicamente Bantu, os Inkises. Mas em geral, quando falamos de Angola, estamos falando de Inkises. E inkise é muito diferente de Orixa e muito diferente de falangeiros da Umbanda. Para mim é como misturar feijoada com pudim.
      Sinceramente não quero desmerecer a Umbanda ou supervalorizar o candomblé, ok? Não entenda desta forma. Mas eu não compreendo o motivo que leva alguém a passar anos e anos de aprendizado na Umbanda ou no Candomblé para depois misturar as coisas, não entendo. Acho que o aprendizado que recebemos em cada uma destas vertentes religiosa é único e singular, não dá pra misturar as coisas. Não estou aqui falando que devemos separar as duas religiões, seria cretiniçe de minha parte, hipocrisia pura. Mas uma casa que se intitula umbanda e angola ou umbanda e qualquer outro segmento é, no mínimo, motivo de desconfiança.
      Sofrer pelo erro do sacerdote. Sejamos francos, vc diz que conhece a casa, então vc não deve ser filha da casa, e vc já tem estas dúvidas, está buscando informações, certo? Vc acha mesmo que quem está recendo este deka não sabe o que está fazendo? Cada um deve carregar o seu próprio fardo. Se a pessoa compactua com o erro ela dve ser cobrada pelo erro cometido.
      Axé e felicidades sempre. Babá Tomeje.

  7. Ola, boa noite.
    Tenho 12 anos de iniciada, porém com obrigação realizada até o 3º ano. Dúvida, sou de Oxóssi, já me falaram que tenho que dar obrigação de 5 anos e depois de 7,ou que teria que dar a de 6 e logo em seguida de 7 anos.
    Minha dúvida, poderia fazer direto a de 7 anos? eu não tenho intenção de abrir casa, mas isso é uma decisão minha, mas no caso Orixá pode determinar.

    1. Solange seja bem vinda ao blog.
      As renovações de votos ( chamadas obrigações) deveriam sempre ser feitas de acordo com a capacidade e possibilidade do yawo assumir novos desafios e novos compromissos. Na minha opinião há um grande equívoco em falar que o orixá está cobrando obrigação, talvez o orixá queira que o filho tenha mais compromissos com a Casa ou com os irmãos mais novos, afinal, nem todos devem mesmo abrir Casa, você está certa. O problema é que muitos sacerdotes vivem de fazer candomblé profissional e imputa no orixá uma questão que na realidade é uma necessidade financeira dele, sacerdote.
      Algumas casas fazem sim a obrigação de 5 anos, como eu também faço. Acontece que não se pode pular etapas e dar os 7 anos sem as outras obrigações feitas. Ninguém pode correr antes de aprender a caminhar.
      Obrigação de 7 anos NÃO É DEKA, tem muita gente confusa nesse assunto e são assuntos distintos.
      Obrigação de 6 anos, que eu conheça, não existe, é invenção. Já é estranho quando fazem 6 anos para Xangô, imagina para Oxóssi.
      Axé e felicidades sempre, Babá Tomeje.

    1. Micaele seja bem vinda ao blog. Realmente existe diferença entre as cerimônias. Os 7 anos habilita o yawo a, se for o caso, e dentro de suas capacidades e competencias, assumir um cargo na Casa (assumir cargo na Casa não é obrigatório aos sete anos). O deka habilita o yawo a no futuro abrir sua casa de axé.
      Axé e felicidades sempre. Babá Tomeje.

  8. Bom dia
    Tenho uma dúvida
    O yaow que tem caminho para ser yaowlorisa ou babalorixá, pode receber dekà com três anos? É correto raspar novamente quando recebe dekà?

    1. Seja bem vinda ao blog, Larissa. A resposta é muito simples, não!
      Existem casos onde um yawo recebe o comando de uma Casa antes dos sete anos, isso é possível. Mas nesse caso a tradição diz que os mais velhos da Casa vão administrar a Casa, raspar os yawos e fazer tudo para o herdeiro que vai acompanhar tudo mas não põe a mão em nada, vai apreendendo com os mais novos. Quando o herdeiro fizer 7 anos ele receberá se3y deká e apartir daí será o sacerdote de todos daquela Casa, incluindo ps mais velhos.
      Hoje tem virado moda yawo se emancipar, receber deká e abrir casa sem os 7 anos.
      Portanto, está errado dar deká a quem só tem 3 anos.
      Sobre raspar novamente. Tem muitos sacerdotes que fazem isso, independente de ser 7 anos. Basta a pessoa entrar pra sua casa sem ser raspada por ele/a que será raspar a novamente. Isso é um desrespeito ao sacerdote anterior e um desrespeito ao orixá. Só se raspa uma vez e ponto final.
      Fico feliz quando alguém está interessado em buscar informação. Axé e felicidades sempre. Babá Tomeje.

  9. Bom Dia, motumba a todos, tenho uma dúvida que não faz parte da pauta discutida, mas gostaria de saber. A cantiga goro goro sarrum para omulu é de ketu?

    1. Seja bem vinda ao blog, Osinei. Obaluaie/Omolu é de origem Gege. Este orixá foi assimilado pelo Ketu,.assim como Nanã, Yewá. Portanto a maioria das cantigas de Omolu são de gege sim. Se vc reparar até os toque mudam e passam ao gege. E esta cantiga é sim do gege. Axé e felicidades sempre. Babá Tomeje.

    1. Seja bem vinda ao blog Angélica. Eu não ministro curso, apenas indiquei alguém.
      Se vc for aqui do Rio eu posso te indicar uma pessoa de total confiança. Axé e felicidades sempre.

  10. Boa tarde Eu sou do Axé faz 15 Anos meu santo não saiu pra dá o nome é dai paguei a Obrigação de 1 Ano é depois a de 3 Anos agora a Zaladora que mim raspa é meu Santo dá o nome agora é mim entrar o meu cargo Agora ou seja ela que mim entregar o Deka pode isso acontece??

    1. Liliane, seja bem vinda ao blog. Não sei se foi aqui que falei que temos aproximadamente 300 cargos numa casa de axé. Também falei que menos de 10 % dos indiciados deveriam abrir casa. Não entendoo que pode passar na cabeça dessa sra pra querer te raspar e te dar cargo sem que você tenha dado todas as obrigações, primacialmente a de 7 anos.
      Se seu orixá não foi na sala é um assunto que se resolve no quarto de orixá e nunca na sala. E muito menos raspando você novamente.
      Afinal, seu orixá vem? Ele dança na sala?
      Olha, muito sinceramente eu não aceitaria isso e não permitiria que me.raspassem novamente. Receber Deká antes do tempo e enganar a si mesma. Não faça. Essa sra não sabe o que está propondo e fazendo. Cuidado. Axé e felicidades sempre, babá Tomeje.

  11. Bom dia, sou Maria do Carmo Dias , tirei umas dúvidas no blog em 2.05.2019, fico grata pela consideração em responder-me, só tenho a agradecer. Vi em outros comentários que indica Zeladores do RJ que joga Búzios, gostaria de indicação, caso seja possível No aguardo. Att. E-mail: dias-mcd@hotmail.com

    1. Maria do Carmo, seja bem vinda. Na baixada temos a Casa da saudosa mãe beata de Yemonja. O atual sacerdote, seu filho, babá Adailton é um grande amigo. Em Coelho da Rocha tem o Opo Afonja, mãe Regina de Yemonja. Na zona oeste tem mãe Márcia Marçal, também uma pessoa maravilhosa. E tem o meu pai Márcio de jagum em vargem pequena.
      Do lado de cá da “poça”, em São Gonçalo, tem a mãe Márcia de Oxun, e meu filho Pedro de Yemonja.
      Espero ter ajudado, axé e felicidades sempre, babá Tomeje.

  12. Bom dia, tirei umas dúvidas no blog em 2.05.2019, fico grata pela consideração em responder-me, só tenho a agradecer. Vi em outros comentários que indica Zeladores do RJ que joga Búzios, gostaria de indicação, caso seja possível No aguardo. Att.

    1. Maria do Carmo, seja bem vinda. Na baixada a Casa da saudosa mãe beata de Yemonja. O atual sacerdote, seu filho, babá Adailton é um grande amigo. Em Coelho da Rocha tem o Opo Afonja, mãe Regina de Yemonja. Na zona oeste tem mãe Márcia Marçal, também uma pessoa maravilhosa. E tem o meu pai Márcio de jagum em vargem pequena.
      Do lado de cá da “poça”, em São Gonçalo, tem a mãe Márcia de Oxun, e meu filho Pedro de Yemonja.
      Espero ter ajudado, axé e felicidades sempre, babá Tomeje.

  13. Boa tarde. A pessoa pode jogar, sem receber o Deká Porque me indicaram uma mãe pra jogar, dizendo que ela ainda iria receber o deká. Mas, ela já tem a casa dela e tudo. Dizendo que a Padilha dela se manifesta no jogo. Sou espírita, e Candomblé estou conhecendo agora fisicamente e já fui três vezes e tô gostando. Gratidão.

    1. Sebastião, seja bem vindo ao blog. Não existe purismo no candomblé, de modo geral 95% das casas tem algum grau de misturas. As exceções são as grandes Casas Matriz de todas as demais. Pois bem, mesmo havendo certa mistura, algumas regras são básicas e imutáveis. O jogo pode ser feito por alguém que não tenha sua obrigação de sete anos, sim pode,mas sempre com supervisão e autorização do seu sacerdote. O jogo não deve ser manipulado por entidades por um motivo simples. A entidade, se bem desenvolvida, é eu suficiente para dar sua consulta sem o jogo. Além disso, o jogo é sempre manipulado pelo sacerdote sem transe. IIsso não faz parte da tradição.
      Antes de se apaixonar pela religião busque uma boa casa tradicional,não se envolva em casas que não tem raízes. Axé e felicidades sempre. Babá Tomeje.

  14. Iniciar dizendo que este blog é sempre uma fonte de conhecimento que não deve ser esquecida. Modupé!
    A pergunta é: Pode um Egbome que recebeu Oyê na sua obrigação de 07 anos, vir a receber o Deká em outra situação, como na obrigação de 14 por exemplo? Li num artigo acadêmico sobre Oyês e já ouvi de Zeladores que todo Babalorixá é um Babalaxé, mas um Babalaxé não é um Babalorixá.
    Confesso que fiquei confuso.
    .
    Modupé pela atenção!

    1. Blera Braga, seja muito bem vindo(a) ao blog. Que bom que você gostou do nosso trabalho.
      Sobre a questão do babalaxé (pai ou guardião do axé). Esse cargo tem como função principal zelar pelo axé, no sentido mais profundo ou amplo da palavra. Sendo assim todo Babalorixa é um babalaxé por ter função de zelar pelo axé, porém o babalaxé, que é um posto dos vários que compõe a Casa de axé, esse não tem a permissão de abrir Casa, ele não é um Babalorixa. O babalaxé pode ter seu filhos DENTRO do axé, porém sem a possibilidade de abrir uma nova Casa.
      Sobre o cargo(oye).Em algumas Casas, o posto ou cargo de Babalorixa ou Yalorixa só é confirmado (entregue) quando a pessoa comprar o terreno e der início a construção da Casa. Sendo assim, o tempo cronológico não tem nenhuma importância para a pessoa receber o deká. Pelo menos duas grandes e saudosas Yás do RJ receberam seus deká com idade cronológica e de iniciação muito avançadas.
      Não há nenhum impedimento para alguém receber um oye e a qualquer momento, depois dos sete anos, receber seu deká aos 8,9,10 é etc.
      Esperamos ter ajudado. Axé e felicidades sempre, babá Tomeje.

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