DEMOLIÇÃO DO BERÇO DA UMBANDA:
A Prefeitura de São Gonçalo, município do Estado do Rio de Janeiro, chefiada pela Sra. Aparecida Panisset, concedeu licença para demolição da casa onde nasceu a Umbanda.
Segundo o secretário de obras de São Gonçalo, Valmir Barros, o imóvel foi adquirido por Verônica Matta da Silva Costa, que deu entrada no pedido desde 13 de abril de 2011, com o intuito de construir um galpão comercial no local.
A casa já foi demolida. Não adianta mais reclamar. A derrubada começou dia 6 de julho, e semana passada acabou de virar entulho.
Houve uma certa grita de alguns órgãos do meio religioso, algumas matérias nos jornais e rádios… Mas não adiantou nada.
Desse episódio, ficam duas perguntas: 1ª) será que a prefeita Aparecida Panisset, por ser declaradamente evangélica, fez corpo mole e permitiu a demolição do berço da Umbanda, por razões pseudo-religiosas? Seria ela tão egoísta e ignorante a esse ponto? Teria ela se esquecido de que, apesar de sua crença pessoal, ela é prefeita de toda uma comunidade, com diversas opções religiosas diferentes? Seria ela tão inculta ao ponto de não perceber que a casa onde nasceu a Umbanda é um patrimônio histórico e por sorte dela, estava dentro do município que ela dirige?
Posso não ser católico, mas é claro que entendo a importância da Igreja da Candelária. Ela jamais poderia ser derrubada! Posso não ser anglicano, mas é óbvio que reconheço a importância da construção da igreja anglicana. Jamais pode ir para o chão! E assim sucessivamente…
Além das igrejas católicas, anglicanas, evangélicas, sinagogas, mesquitas, etc, existem também inúmeros terreiros, templos e casas sagradas à nossa religiosidade e à nossa cultura que merecem e precisam ser respeitados!
Aliás as igrejas, não raro, recebem até ajuda financeira governamental para serem mantidas e reformadas, pelo seu significado histórico e cultural.
Daí vêm a 2ª pergunta que o fato da demolição da casa onde nasceu a Umbanda pela médium Zélio de Moraes, nos provoca: aonde está o respeito das autoridades pelas religiões de matrizes africanas? Não adianta separar uma salinha para fazer Seppir, criar fundações só para nomear os amigos e servir como álibi da defesa do negro e da cultura afro. Tudo mentira! Conversa fiada! Jogada de político!
E nossas comissões de combate à intolerânica? Nossas federações, nossas instituições com nomes pomposos? Onde ficaram nessa história? Será que é sempre a mesma coisa: sempre querendo colocar o cadeado depois da porta arrombada? Nós não nos movimentamos a tempo, não nos mobilizamos politicamente! Digo NÓS! TODOS NÓS! Mais uma vez, deixamos acontecer para reclamarmos depois. Chega disso! Gostaria que a partir desse momento, todos os terreiros, templos e casas de relevância histórica e cultural da nossa Umbanda, do nosso Candomblé, do nosso Catimbó, Jurema, etc. sejam catalogados por nós (umbandistas, candomblecistas, juremeiros, catimbozeiros – não pelo governo!). Vamos fazer esta lista agora e vamos juntos ao poder público EXIGIR a preservação e o reconhecimento!
Precisamos fazer isso logo, antes que a cada ano, nossos símbolos e valores sejam derrubados e virem pó, um a um, como desejam alguns ignorantes.
Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2011.
Márcio de Jagun
1 comentário
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