É tanta dor Que nem sei quantificar.
É tanta dor
Que nem sei quantificar.
Preto matando preto
Em nome do branco capital.
Capital que comprou a alma de negros.
Capital que expulsou a família de seu berço original.
Dinheiro sangrento
Dinheiro maldito
Dinheiro sem alma.
E o nosso direito de viver?
Capital que demarcou a precária vida
E sentencia a nossa morte.
Morrer a pauladas.
Depois da Morte quase morrida na própria terra Natal.
Acharam no Brasil o colo da mãe.
Acharam?
Se perderam na dor
E do desprezo encontraram pauladas.
Até quando nossos caminhos negros serão traçados pelo branco capital?
Que dor eu sinto na alma
Cada paulada eu senti no meu couro preto.
Pois pele já não tenho mais.
Minha pele foi arrancada de mim
Quando chorando vi meu irmão africano morrendo.
Estou em estado de choro e horror.
Queria acariciar a mãe que agora chora.
Queria um pedacinho daquela dor real.
Não sei se eu aguentaria o pedacinho da dor da mãe que chora o filho morto a pauladas.
Não sei também da dor das mães dos algozes.
Será que elas choraram também?
Eu choro com elas.
Choro com todas as mães envolvidas .
Choro com a mãe maior
A nossa mãe África
Que viu irmãos nascidos do Ventre comum se matando em defesa do capital.
Do mesmo capital originário da modernidade desbravadora.
Que estuprou a nossa mãe
Que pegou seus filhos, os nossos irmãos.
E os transformara em mercadoria.
Cada paulada
São moedas caídas no bolso do capitalista.
Eu, que só sabia chorar, agora quero avançar sobre meus algozes.
Quero olhar nos olhos dos irmãos pretos violentos e mostrar que não somos inimigos.
Somos iguais.
Mas por hoje eu só quero chorar.
Amanhã eu vou lutar.
Mas hoje eu só quero chorar.
Eu preciso chorar.
Amanhã eu lutarei.
Jefferson Dantas
Tomeje
Axé à todos. Sou o Tomeje. Iniciado em 27 de outubro de 1987 para o Orixa Ogun. Desde que conheci a religião dos Orixás eu sempre me preocupei em apreender qual a função da religião e da religiosidade na vida das pessoas. Eu quero entender como isso funciona. Como a religião e a religiosidade formam a fé de alguém. São muito anos de perguntas, muitos questionamentos pessoais e poucas respostas e creio que seguirei assim, aprendendo sempre.
Agora, graças a essa nova tecnologia, tenho uma oportunidade de interagir e trocar experiencias e vivencias dentro da religião e assim aprender uns com os outros. Eu mais que vcs, com certeza, aprendo a cada pergunta.
Eu tento compreender a nossa religião pensando sempre numa comunidade que se ajuda mutuamente. E não é diferente neste meio de comunicação, que assim como os livros, discos, cadernos, fitas, dvd's e outras ferramentas de divulgação de conhecimentos, este blog é somente mais uma forma de comunicação.
Porém este nova possibilidade não deve ser pressuposto para descuidarmos do aprendizado com nossos mais velhos nas roças, no seu dia a dia. Ainda que por vezes seja difícil, eu aprendi que é na roça que se vive a realidade da religião.
Meu trabalho aqui é muito mais do que só falar e responder questionamentos a cerca da religiosidade. Meu objetivo é promover a discussão de assuntos que nos afetam direta ou inderetamente, é lembra-los que somos parte do TODO, que somos uma só comunidade e que o indivíduo, apesar de dos seus anseios pessoais, está inserido numa família de axé e, neste contexto, quanto mais se pensa coletivamente, mais o individuo se fortalece.
Candomblé só se faz no coletivo.
Sejam todos muito bem vindo a este projeto e que nossos queridos Orixas nos encaminhem sempre no melhor destino. Axé, Tomeje.
6 comentários
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Muito lindo o poema! Valeu por ajudar na luta de Vidas negras importam!
Autor
Luiz Carlos, seja bem vindo. Obrigado pelo comentário. Vamos em frente.sem deixar ninguém pra trás. Asse e felicidade. Tomeje.
Quando a sociedade brasileira vai se concientizar que vidas negras importam. Quando acabarem com a população negra. Será que querem embranquecer o Brasil novamente?
Autor
David Duarte. E quando foi diferente em todas a nossa história? Temos que lutar sempre. Asè e felicidade sempre. Tomeis.
Esse capitalismo que tornam todos sem alma. Agora está na moda no Brasil a tal da meritocracia.. . Até quando vamos viver nesse cinema sem tela vendo tudo isso a olho nú e de braços amarrados. Até quando?
Autor
Luiz Carlos. O predador se aproveita da passividade da presa. Mas tem o dia do caçador. Pra nós todos os dias tem que ser de caçador. Temos que virsr o jogo. Asè e felicidade. Tomeje.