Meus irmãos de religião, nosso objetivo é trazer informações a cerca de diversos assuntos.

Não podemos aqui falar de um único Axé. Não seria ético afirmar que se trata de material de um ou de outro Axé ou querer apontar um único caminho, presumivelmente correto.

Podem haver diferenças entre o exposto aqui e aquilo que é feito/dito ou praticado no seu Axé. Por isso indico que procure se certificar destas informações na sua Casa com seus mais velhos.

O diferente não é errado, só diferente. Axé, Tomeje.

Ogum mata seus súditos e é transformado em orixá

Ogum, filho de Odudua, sempre guerreava, trazendo o fruto da vitória para o reino de seu pai. Amante da liberdade das aventuras amorosas, foi com uma mulher chamada Ojá que Ogum teve seu filho Oxossi. Depois amou Oiá, Oxum e Obá, as três mulheres de seu rival, Xangô. Ogum seguiu lutando e tomou para si a coroa de Irê, que na época era composto de sete aldeias. Era conhecido como o Onirê, o rei de Irê, deixando depois o trono para seu próprio filho.

Ogum era rei de Irê, Oni Ire, Ogum Onirê. Ogum usava a coroa sem franjas chamada acorô. Por isso também era chamado de Ogum Alacorô. Conta-se que, tendo partido para a guerra, Ogum retornou a Ire depois de muito tempo. Chegou num dia em que se realizava um ritual sagrado. A cerimônia exigia a guarda do silêncio total. Ninguém podia falar com ninguém. Ninguém podia dirigir o olhar para ninguém.

Ogum sentia sede e fome, mas ninguém o atendia. Ninguém o ouvia, ninguém falava com ele. Ogum pensou que não havia sido reconhecido. Ogum sentiu-se desprezado. Depois de ter vencido a guerra, sua cidade não o recebia. Ele, o rei de Ire! Não reconhecido por sua própria gente! Humilhado e enfurecido, Ogum, com sua espada em punho, pôs a destruir tudo e a todos. Cortou a cabeça de seus súditos. Ogum lavou-se com sangue. Ogum estava vingado. Então a cerimônia religiosa terminou e com ela a imposição de silêncio foi suspensa.

Imediatamente o filho de Ogum, acompanhado por um grupo de súditos, ilustres homens salvos da matança, veio à procura do pai. Eles renderam as homenagens devidas ao rei e ao grande guerreiro Ogum. Saciaram sua fome e sua sede. Vestiram Ogum com roupas novas, cantaram e dançaram para ele. Mas Ogum estava inconsolável. Havia matado os habitantes de sua cidade. Não se dera conta das regras de uma cerimônia tão importante para todo o reino. Ogum sentia que já não podia ser o rei. E Ogum estava arrependido de sua intolerância, envergonhado por tamanha precipitação. Ogum fustigou-se dia e noite em autopunição.

Não tinha medida o seu tormento, nem havia possibilidade de autocompaixão. Ogum então enfiou sua espada no chão e num átimo de segundo a terra se abriu e ele foi tragado solo abaixo. Ogum estava no Orum, o céu dos deuses. Não era mais humano. Tornara-se um orixá.

 

Ogum dá aos homens o segredo do ferro

Na Terra criada por Obatalá, em Ifé, os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole, por isso o trabalho exigia grande esforço.

Com o aumento da população de Ifé, a comida andava escassa, era necessário plantar uma área maior. Os orixás então se reuniram para decidir como fariam para remover as árvores do terreno e aumentar a área da lavoura.

Ossaim, o orixá da medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno, mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido. Do mesmo modo que Ossaim, todos os outros orixás tentaram um por um e fracassaram na tarefa de limpar o terreno para o plantio.

Ogum, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então, quando todos os outros orixás tinham fracassado, Ogum pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno. Os orixá, admirados, perguntaram a Ogum de que material era feito tão resistente facão, Ogum respondeu que era de ferro, um segredo recebido de Orunmilá.

Os orixás invejavam Ogum pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, mas como à caça e até mesmo à guerra. Por muito tempo os orixás importunaram Ogum para saber do segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si.

Os orixás decidiram então oferecer-lhe o reinado em troca de que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele metal tão resistente, Ogum aceitou a proposta. Os humanos também vieram a Ogum pedir-lhe o conhecimento do ferro, e Ogum lhes deu o conhecimento da forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram suas lanças de ferro.

Mas, apesar de Ogum ter aceitado o comando dos orixás, antes de mais nada ele era um caçador, certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada, quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho. Os orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado, eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado.

Ogum se decepcionou com os orixás, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora dizem que não era digno de governá-los, então Ogum banhou-se, vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu, num lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da árvore de acocô e lá permaneceu.

Os humanos que receberam de Ogum o segredo do ferro não o esqueceram. Todo mês de dezembro, celebram a festa de Iudê-Ogum. Caçadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifíciosem memória de Ogum. Ogum é o senhor do ferro para sempre.

 

Orixá Ocô cria a agricultura com ajuda de Ogum

No princípio, havia um homem que se chamava Ocô, mas Ocô não fazia nada o dia todo, não havia o que fazer, simplesmente. Quando os alimentos na Terra escassearam, Olorum encarregou Ocô de fazer plantações, que plantassem inhame, pimenta, feijão e tudo mais que os homens comem.

Ocô gostou de sua missão, ficou todo orgulhosos, mas não tinha a menor idéia de como executá-la, até que viu, debaixo de uma palmeira, um rapaz que brincava na terra, com um graveto ele revolvia a terra e cavava mais fundo, Ocô quis saber o que fazia o rapaz. “Preparando a terra para plantar, para plantar as sementes que darão as plantas”, explicou o rapaz de pele reluzente. “Que sementes, se nem plantas ainda há?”, perguntou, incrédulo, Ocô. “Nada é impossível para Olodumare”, foi a resposta.

Começaram então a cavar juntos a terra, o graveto que usavam como ferramenta quebrou-se e passaram então a usar lascas de pedra, o trabalho, entretanto, não rendia e Ocô saiu a procura de alguma maneira mais prática.

Outro dia, quando Ocô voltou sem solução, o rapaz tinha feito fogo, protegendo-o com lascas de pedra, viram então que a pedra se derretia no fogo. A pedra líquida escorria em filetes que se solidificavam. “Que ótimo instrumento para cavar!”, descobriu efusivamente o inventivo rapaz. Ele pôde então usar o fogo e fazer lâminas daquela pedra, e modelar objetos cortantes e ferramentas pontiagudas.

Ele fez a enxada, a foice e fez a faca e a espada e tudo o mais que desde então o homem faz de ferro para transformar a natureza e sobreviver. O rapaz era Ogum, o orixá do ferro. Juntos resolveram a terra e plantaram e os alimentos foram abundantes.

E a humanidade aprendeu a plantar com eles, cada família fez a sua plantação, sua fazenda, e na Terra não mais se padeceu de fome, e Ocô foi festejando como Orixá Ocô, o Orixá da Fazenda, da plantação, pois fazenda é o significado do nome Ocô.

E Ogum e Orixá Ocô foram homenageados e receberam sacrifícios como os patronos da agricultura, pois eles ensinaram o homem a plantar e assim superar a escassez de alimentos e derrotar a fome.

Notas bibliográficas
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001

Respostas de 6

    1. Marcelo seja bem vindo ao blog. Eu sugiro que vc pesquise em bons sites de Jeje e veja o que estes sites te dizem. Mas o que eu sei deste Vodum é o seguinte: Creio que a principal informação que posso te dar é que Xoroque é um Vodum, ou seja, uma divindade do panteão Jeje, e não se trata de um orixa. Xoroque é um Gú que devido as suas características foi designado para ser assentado nas portas das Casa Jeje. Porém de forma alguma se trata de um Exú ou de Ogum, Xoroque é um Gú e Ele não vira, no Jeje, na cabeça de ninguém. Acontece que o sincretismo e as diversas má interpretações a cerca deste Vodum, levaram muita gente a compreender que este Vodum pode ser considerado um Ogum, e pior ainda, que se trata de metade Ogum e metade Exú, o que , para mim, é um grande equívoco litúrgico. Marcelo eu sempre repito que candomblé é uma questão de preservação de culturas, portanto, se Xoroque é um vodum (jeje) deveríamos deixa-lo no seu lugar de origem. Por favor faça pesquisas mais profundas no jeje e veja oq ue vc encontra sobre Xoroque. Axé. Tomeje.

    1. Marta, seja bem vinda ao blog.Marta, tudo que eu sei sobre este nome é que: Segundo o livro do meu Pai Marcio de jagun ” Vocabulário temático do candomblé”. Este nome está associado a uma das qualidade de Ogun, específicamente aquele que é o dono do Akoro (capacete ritual feito de mariwo). Portanto não sei e não conheço esta cerimonia que vc se refere. Mas muito me intriga alguém que seja de Angola, se utilizar de elementos do Ketu. Não que seja impossível ou reprovável, mas é estranho. Se eu puder ajudar em outros assuntos estarei a sua disposição. Baba Tomeje.

  1. Boa noite ! Babaorixá Tomeje ! Quem está interagindo é uma pessoa que está no momento passando por uma série de dificuldades, em meio a uma atmosfera de muitas perguntas e dúvidas. Sou um profissional de cpmunicação, sou versátil, dedicado, porém os obstáculos que surgem no meio caminho são fora do comum. Pessoas já me disseram que as dificuldades presentes na minha vida são originadas de problemas kármicos, já falaram também que sou persegudo por um odum de inveja, outros afirmam ser por causa que sou médium, além de ser afrodescendente, não é fácil conseguir espaço numa sociedade cheia de preconceitos e discriminações, necessito de esclarecimentos p/ o meu dia-a-dia, Atualmente estou na casa de parentes e amigos, não tenho condições de pagar uma consulta espiritual, os orixás e os guias sabem disso.Minha data de nascimento e: 29/07/1977. Por favor, por gentileza, me atenda 1 Abraços fraternais !

    1. Everaldo, seja bem vindo. Vamos por partes. Em primeiro lugar quero que vc entenda que eu não faço atendimento via internet e NÃO recomendo que vc faça isso jamais, ok? As consultas são sempre presenciais. Em segundo, entenda que eu falo com base no meu conhecimento religioso de candomblé, ok? Me parece que as pessoas que te disseram essas coisas tem pouco de religiosas e muito de achistas. Karma, Darma, Odu, Mediunidade ou ser afrodescendente não pode ser motivo pra explicar os seus problemas profissionais. Seja lá qual nome derem a Deus, ele não é injusto e nem punidor. No candomblé, no candomblé de verdade, não se faz magias ou milagres, há sim o uso da fé em favor do fiel, há a obediencia a Deus, no nosso caso, os Orixas. Nada é de uma noite pro dia. Por pior que esteja sua situação, você ainda está vivo e está amparado por alguém, por pior que vc se sinta, vc ainda tem o amor destas pessoas e força pra trabalhar ou buscar trabalho. Em primeiro lugar vc deve saber onde, em que religião, vc se sente bem e completo. E só depois desta decisão vc deve procurar ajuda religiosa. Atirar pra todo lado não vai resolver nada.
      Há um ditado no candomblé que diz o seguinte: “Quem come acaça não morre de fome”. Acaça é uma massa de farinha de milho branco, sem sabor mas muito nutritiva. Esse ditado significa o seguinte. “Quem é humilde sempre terá uma mão pra o ajudar”.
      Vamos conversar mais? Asé e felicidade, que meu Pai Ogun te abra caminhos e te livre das dificuldades financeiras. Baba Tomeje.

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