Mãe Nilsete e a arvore de Iroko.

Material retirado do site oficial Casa de Oxumare

Como contado na postagem anterior, Mãe Nilzete passou dias em vigília na escadaria da Casa de Oxumarê, em frente a grande árvore Iroko impedindo que os tratores da prefeitura derrubassem a sagrada árvore.

Como em tudo que fazia relacionado ao Axé, Mãe Nilzete tinha muita amor e devoção a divindade e em seus longos períodos de guarda, passou a desabafar seu problemas pessoais com o Orixá Iroko, estabelecendo assim, uma profunda amizade com Ele.

Sobre essa amizade espiritual é importante salientar que mesmo depois que Mãe Nilzete e o grupo de defesa do Terreiro conseguiram mudar o local da passarela, assegurando a integridade de sagrada árvore, Mãe Nilzete ia todos os dias conversar com a divindade. Aos pés de Iroko ela contava suas alegrias, desabafava seus problemas, sorria, chorava e também demonstrava preocupação com sua família biológica e com seus filhos e filhas de santo.

Diariamente ela fazia o mesmo percurso de descer os mais de 100 degraus da escadaria da Casa de Oxumarê em direção a oficina que ficava localizada na parte de baixo da Casa para saber do seu irmão Milton e dos seus sobrinhos, mas não sem antes parar para conversar com seu grande amigo e conselheiro, a árvore sacralizada ao orixá Iroko.

Certa feita, um dia, Iyá Nilzete estava com muita pressa e não parou para falar com seu amigo, apenas avisou:
– Iroko, estou apressada, na volta eu paro e converso com você.

Sensível como era e ainda é, a divindade parece ter se incomodado com aquilo, pois no mesmo instante, de repente, um galho seco caiu sobre o ombro esquerdo de Mãe Nilzete. Ela apenas olhou de soslaio para a árvore poderosa de largo tronco e raízes enormes, e disse:

-O que eu te fiz Iroko? Por que fizestes isso comigo, logo você meu grande amigo e companheiro?

A yalorixá, que sempre fazia confidências com o Orixá ficou muito sentida e subiu para sua casa com o ombro dolorido.

No dia seguinte, ao descer novamente as escadas, fazendo o percurso que já era de costume, Iyá Nilzete, olhou para o alto, bem para o cume da árvore, preocupada em cair sobre ela outro tronco, quando de repente, avistou um brotinho de folha verde caindo, ela ficou observado e broto caiu no mesmo lugar, onde no dia anterior tinha machucado o ombro dela. Ao receber o broto da folhagem, ela pegou um grampo que estava em seu cabelo, e prendeu o presente sobre o seu camisu de rechilieu ao que perguntou:

– É um pedido de desculpas meu amigo?

E novamente, viu outros brotos de folhas verdes caíram sobre ela. Então, com os olhos mareados, ela deu um grande abraço em Iroko e disse ao amigo o quanto o amava.

Ainda hoje, essa história é contada pelos mais velhos da Casa de Oxumarê e todos se emocionam ao lembrar da amizade entre Iyá Nilzete de Yemanjá e seu grande amigo Iroko.

Baba Pesè
Casa de Oxumarê

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