O LÓROGÚN

Lorogun, lórogún ou olorogum quer dizer “ritual de guerra”: oro (ritual) + ogun (guerra). É uma cerimônia que representa a ida dos Òrìṣàs para a guerra.

O Lórogún marca o fim do ano litúrgico e com isso, a paralisação anual das atividades nos terreiros de Candomblé.

É realizado no período da quaresma católica, logo depois do carnaval, terminando no sábado de aleluia (primeiro sábado da lua cheia), onde começa o início do ano litúrgico (Ano Novo) para o povo do santo. O Lórogún iniciou-se em razão da proibição dos escravizados celebrarem seus cultos durante a semana santa.

O Lórogún traz para a sala dois grupos: o exército de Ṣàngó, onde todos trajam vermelho e branco e carregam uma bandeira vermelha; e o exército de Òṣàlá, com todos os membros vestidos de branco, portando uma bandeira branca.

Tudo começa com uma procissão dos 2 grupos percorrendo os quartos de Santo até o barracão, reproduzindo a viagem pelas cidades de cada Divindade.

Na sala, cada exército se coloca de um lado, sendo que os mais velhos portam cada qual seu estandarte. Todos os Òrìṣàs carregam ixãns, ou atoris e suas folhas sagradas.

Com a autorização do (a) Babalorixá/Iyalorixá, os dois grupos se aproximam e passam bater os atoris e as folhas em todos os presentes (inclusive Òrìṣàs com Òrìṣàs). Até que Òṣàlá se manifeste trazendo sua calma e tranquilidade habituais ao ambiente.

Cante-se então para o grande Òrìṣà encerrando o oro.

Em todo o período do Lórogún (da quarta-feira de cinzas ao sábado de aleluia, todas as atividades dos terreiros eram suspensas, apenas mantido o amalá de Ṣàngó às quartas-feiras).

A tradição determinava que a cada ano apenas um Òrìṣà ficasse encarregado de cuidar da Comunidade neste período. A escolha era feita através do oráculo.

Durante o Lórogún, era mantido um recipiente com a comida deste Òrìṣà protetor.

A festa de reabertura dos trabalhos era a fogueira de Ṣàngó.

Márcio de Jagun

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