O LOROGUN:

Lorogun, lórogún ou olorogum quer dizer “ritual de guerra”: oro (ritual) + ogun (guerra). É uma cerimônia que representa a ida dos Orixás para a guerra.

O lorogun marca o fim do ano litúrgico e com isso, a paralisação anual das atividades nos terreiros de Candomblé.

O lorogun é realizado no período da quaresma católica, logo depois do carnaval, terminando no sábado de aleluia (primeiro sábado da lua cheia), onde começa o início do ano litúrgico (Ano Novo) para o povo do santo.

O lorogun traz para a sala dois grupos: o exército de Xangô, onde todos trajam vermelho e branco e carregam uma bandeira vermelha; e o exército de Oxalá, com todos os membros vestidos de branco, portando uma bandeira branca.

Tudo começa com uma procissão dos 2 grupos percorrendo os quartos de Santo até o barracão, reproduzindo a viagem pelas cidades de cada Divindade.

Na sala, cada exército se coloca de um lado, sendo que os mais velhos portam cada qual seu estandarte. Todos os Orixás carregam ixãns, ou atoris e suas folhas sagradas.

Com a autorização do Babalorixá, os dois grupos se aproximam e passam bater os atoris e as folhas em todos os presentes (inclusive Orixás com Orixás). Até que Oxalá se manifeste trazendo sua calma e tranquilidade habituais ao ambiente.

Cante-se então para o grande Orixá encerrando o oro.

Em todo o período do lorogun (da quarta-feira de cinzas ao sábado de aleluia, todas as atividades dos terreiros eram suspensas, apenas mantido o amalá de Xangô às quartas-feiras).

A tradição determinava que a cada ano apenas um Orixá ficasse encarregado de cuidar da Comunidade neste período. A escolha era feita através do oráculo.

Durante o lorogun, era mantido um recipiente com a comida deste Orixá protetor.

A festa de reabertura dos trabalhos era a fogueira de Xangô.

O lorogun iniciou-se em razão da proibição dos escravos celebrarem seus cultos durante a semana santa.

Márcio de Jagun

Babalorixá, escritor, professor universitário, advogado e apresentador do Programa Ori (ori@ori.net.br)

Respostas de 4

    1. Adriana Santana, obrigado pelo post. Achamos que é nossa função passar aos irmãos algumas informações sobre nossa religião que é, de fato, muito linda, seja bem vinda e que Oxum te de bons caminhos de axé na sua vida, Tomeje.

  1. Gratidao pai Márcio, Motumba meu velho, Gratidao por falar deste ritual esquecido por muitos e com isso não praticado nesse período por falta de conhecimento ou por ignorância pelas modernidades dos dias de hoje.
    Enquanto eu existir esse ritual em minha casa será sempre respeitado e praticado.

    1. Seja bem vindo,pai Victor de Obaluaye. Vou encaminhar seu comentário ao querido pai Márcio. Muito obrigado pelo carinho. Que nosso pai Jagun nos abençõe e guie. Axé e felicidades sempre.

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