O povo Banto e o culto aos caboclos….

@iemanjasereiaiya
Iemanjá Sereia
O povo Banto e o culto aos caboclos – Reflexões sobre a origem da umbanda.

Os bantos constituem um grupo etnolinguístico localizado principalmente na África subsariana e que engloba cerca de 400 subgrupos étnicos diferentes (Angola, Congo, Moçambique, dentre outros países). Eles foram os primeiros negros escravizados a chegar no Brasil, antes mesmo dos fons e os nagôs. Por esse motivo, tiveram um contato maior com os nativos de nossa terra, resultando em uma miscigenação cultural, que mais tarde veio a influenciar na formação das religiões afro-brasileiras.

Quando os bantos começaram a ganhar liberdade, surgiram os primeiros quilombos e os kalundus. Essas foram as primeiras manifestações religiosas organizadas, as quais aconteciam em residências comuns e as vezes de maneira itinerante.

Era costume dos povos bantos reverenciar os ancestrais “donos da terra”, em seus cultos religiosos. E é através dessa tradição africana que surge o culto aos caboclos brasileiros, os verdadeiros ancestrais dessa terra.

Dentro desse contexto identificamos os caboclos de pena (índios) e os caboclos de couro (sertanejos), que mais tarde deram origem a linha dos boiadeiros.

A partir do surgimento dos terreiros de Candomblé de Angola, que por tradição reverenciavam esses ancestrais brasileiros, o culto aos caboclos foi tomando forma. Observamos o despertar de ramificações religiosas que sistemtizaram ainda mais o culto ao caboclo, como o Candomblé de caboclo, a cabula, a makumba, a própria kimbanda, o omoloko, até chegar na umbanda, que através de um mito criacional passou por um processo de embranquecimento e consequentemente a perda de boa parte dessa evolução histórica-cultural.

Foi desta forma que surgiram as linhas de caboclo e boiadeiro dentro da umbanda.
Perceba que as verdadeiras origens da religião estão profundamente conectadas aos nossos antepassados negros. Dizer que a umbanda surge a partir de uma influência puramente espírita, através de uma revelação de um caboclo é o mesmo que apagar a nossa história, as nossas origens.

Axé!!
Texto: André Luiz
Zelador do Terreiro de Umbanda Caboclo Sete Flechas

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