O QUARTO DE JOGO (IYÀRÁ D´IFÁ):

 

O quarto onde são realizadas as consultas oraculares, mais conhecido na linguagem dos Candomblés como “quarto de jogo”, é um ambiente intimista. Ali, consulente e consultor têm diante de si o Oráculo, através do qual as divindades irão falar.

Prognósticos, recomendações e revelações são então descortinadas através do Oráculo e transmitidas pelo Olhador ao consulente. Nesta relação, são fundamentais o respeito, o silêncio e a privacidade.

Iyàrá d´Ifá (iyàrá – cômodo; dà – consultar; Ifá – sistema divinatório), significando portanto “cômodo para consultar Ifá”. Esta expressão é utilizada largamente nas Casas de Santo, mesmo que o Oráculo em questão não seja propriamente o Opelê Ifá e sim o m`ẹrìndílógún (jogo de 16 búzios), mais comumente usado.

A mobília do quarto varia conforme as características do Oráculo. Se for o Rosário de Ifá (ou Opelê Ifá), normalmente o quarto é munido apenas de uma ẹní (esteira) onde o Olhador e o consulente irão sentar-se durante a consulta.

Nas Casas que utilizam o m`ẹrìndílógún, geralmente existe uma mesa sobre a qual o Oráculo fica disposto e cadeiras para que, de cada lado da mesa, se postem Consulente e Consultor.

A ambiência do quarto de jogo deve ser condizente com a responsabilidade que envolve orientar pessoas com os mais diversos problemas, dúvidas e aflições.

Nenhum Oráculo encerra em si a função de definir os destino de ninguém e muito menos fazer as vezes do livre arbítrio que cada Orí deve exercer individual  e conscientemente. A tarefa dos Oráculos é mostrar opções, provocar a reflexão salutar do consulente para que este se sinta mais apto a tomar suas próprias decisões.

A Cultura Yorubá parte do pré suposto que cada Orí conhece seu destino (odu), pois nós mesmos o escolhemos antes de encarnarmos.

Embora a travessia do Portal de Onibodê nos tenha provocado o esquecimento, tal escolha está registrada em nosso ipori. Assim, as dicas do Oráculo e a serenidade do Orí podem nos auxiliar nas decisões mais extremas em momentos de crise.

As consultas feitas no Iyàrá
d´Ifá não podem ser fúteis, nem repetitivas, nem muito menos para colocarem a prova o Olhador.

`Ọrúnmìlá, o Senhor e Conhecedor de todos os Destinos não se agrada quando é provocado por perguntas cujas respostas o consulente intimamente já sabe as respostas. Ele também não é obrigado a fundamentar as respostas que revela; nós é que precisamos refletir e entender o destino.

O quarto de jogo é o palco sóbrio de informações preciosas e ensinamentos muitas vezes inesquecíveis que são passados pelo Olhador ao Consulente. Esclarecimentos que, aliados a boas escolhas, mudam completamente a vida das pessoas que adentram ao Iyàrá d´Ifá.

Dentro das quatro paredes do quarto de jogo, casamentos, decisões profissionais, mudanças, viagens, reconciliações, despedidas, chegadas e partidas são reveladas, formuladas e decididas.

Por ser um ambiente que acolhe alegrias e tristezas, o quarto de jogo deve ser periodicamente limpo e preservado energeticamente, para que a energia positiva seja garantida, para que seu espaço seja sempre acolhedor e para que haja uma boa circulação de Axé.

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Márcio de Jagun

04/9/13

Respostas de 6

  1. a placenta ,vem do odu ,ou do orixa ;se reconhece o orixa ,na placenta ,porque eu sou de oxose com oxum ,duas vezes no mesmo iba , iai babalorixa o que eu faço,muito obrigado paz e bem ,odefaramim.um feliz 20150,ate la .

    1. Odair, Odefaramim, eu não entendi direito a sua pergunta. Por isso, vou responder pelo o que eu deduzi do que li, ok? Vc é iniciado, certo? Odu significa “caminho ou destino”, e o caminho de uma pessoa é um só, Meus mais velhos sempre repudiaram essa prática de odu de placente, odu de pés, etc etc etc, portanto, eu não conheço, nem reconheço como parte da cultura de Ifá Orunmila, isso de vários odu numa mesma pessoa. Andam inventando muita coisa estranha,e falando, por aí como se fossem verdades.
      Odu é visto, unica e exclusivamente no jogo (seja o jogo de búzios ou por um Babalawo no Opele Ifa) através de uma intrincada consulta ao oráculo, e é preciso ter conhecimento de jogo pra isso. Tem gente inventando de ver odu através de numerologias, isso não existe, ok? Portanto, repito, o odu de uma pessoa é único. O odu de uma pessoa pode não estar ligado ao Orixa dela, e isso é normal de acontecer.
      Até aqui eu achoque entendi sua pergunta. Mas não entendi o assunto de “duas vezes no mesmo ibá”. Axé, Tomeje.

  2. Bom dia Tomeje, dou minha palavra que esta é a última pergunta que lhe faço. Sempre passo mal quando entro ou estou próximo de um cemitério. Qual seria a explicação? Abs

    1. Marcos, não há, que eu saiba, ou que eu compreenda como liturgia, no candomblé, alguma explicação pra isso. Mas tem muita gente que diz que Omolu/Obaluaye seja ligado a morte, ao cemitério, e isso pode ser confundido com alguma verdade, portanto, se vc crê que isso seja verdade, o seu inconsciente pode agir e provocar este sentimento que vc descreve. Mas, no candomblé, eu não conheço uma explicação lógica ou litúrgica pra para se sentir mal. Axé, Tomeje.

      1. Obrigado Tomeje pela resposta. Tenho certeza de que isso não faz parte de meu inconsciente, é real, é um fato!! Não pude ir no velório de minha mãe e fui “obrigado” a ir no enterro. Depois de um tempo dentro do cemitério, sentindo meu corpo estranho e minha cabeça doer, comecei a me sentir inchado!! Mas, como sempre, fiquei quieto!! Quando estávamos nos despedindo, as pessoas que vinham falar comigo, diziam que eu estava mais gordo e bochechudo!! Não havia engordado 1 grama sequer!!!
        Alguns anos mais tarde, trabalhando efetivamente na Umbanda, tive que ir em um cemitério à noite fazer um trabalho. Fomos em um grupo de mais ou menos 10 pessoas, inclusive o Babá. Eu já estava bem mais equilibrado, mas quando os carros pararam em frente ao cemitério, depois de um tempo, meu corpo começou todo a tremer. Aí sim poderia ser meu inconsciente, externando o medo de passar mal, mas não era!! O Babá se aproximou de mim, mandou que eu colocasse a guia de cemitério, cobrisse a cabeça e ficasse descalço, e que depois que entrássemos no cemitério iria passar!! Realmente, a tremedeira passou depois que entramos. Sentia uma energia diferente circulando por todo o corpo e assim foi, durante todo tempo que ficamos lá. Com toda certeza, se eu não fosse sensitivo, seria ateu!! Mais uma vez obrigado!! Muito Axé!! E que Olorun o ilumine sempre!! Grande abraço mestre!!

  3. Deixar aqui o registro e a gratidão por algo que foi muito bom em minha vida. Aquele final de semana em seu Axé, no estado em que me encontrava, foi um dos melhores finais de semana que já passei: pude conversar sobre o que me interessa, perceber a leveza e a força da energia de sua esposa, sua determinação e amor ao Ilé e sentir o Axé de sua casa em todos os momentos do xirê!!! Que Oxala lhe cubra de Paz, saúde e hamonia!! Axé meu mais “velho”!! Sua benção!!!!

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