Pedra de Xangô é tema de aula pública em Cajazeiras

Pedra de Xangô é tema de aula pública em Cajazeiras

“O que significa Xangô? Na África, era o rei de Oyo, delegado por deus olorum para ser o rei da justiça, dos astros, das pedreiras, de uma terra que era habitada por negros”, respondeu Mãe Iara de Oxum, da Associação Pássaro das Águas, ao questionamento de um dos estudantes que participou da aula pública, na tarde desta quarta-feira (3), sobre o monumento sagrado que representa o orixá, localizado em Cajazeiras X, em Salvador.

A atividade faz parte do projeto “História e memória das populações afro-brasileiras”, criado pelo Centro de Memória da Bahia (CMB), da Fundação Pedro Calmon (FPC), a partir de demanda apresentada pelos povos de terreiros em reuniões, convocadas pela Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), com representantes dos poderes públicos municipal e estadual, para proteção da Pedra de Xangô.

O objetivo é conscientizar os jovens pela preservação do símbolo e respeito à fé desses povos, “para que os alunos não estranhem, por exemplo, quando um colega for de branco à aula ou que não soe anormal a existência de um espaço como este, que é praticamente natural, mas há séculos vem sendo utilizado para práticas do candomblé e de outras religiões de matriz africana”, disse Wagner Moreira, da Coordenação de Políticas para as Comunidades Tradicionais da Sepromi.

A estudante Mariana Tamires Vasconcelos, 16 anos, do colégio estadual Edvaldo Brandão, entendeu a lição. “Aprendi que temos que preservar tanto a natureza quanto esta Pedra. Foi bastante interessante”, disse. Proferida pela professora e pesquisadora, Maria Alice Pereira da Silva, a aula tratou dos aspectos históricos, geográficos, religiosos e sociológicos que envolvem o monumento.

Desenvolvimento do Projeto

Segundo a diretora do CMB, Jacira Primo, o projeto incluirá uma série de debates acerca das culturas e religiões das populações afro-brasileiras e registro de depoimentos orais com povos de santo e estudiosos, a fim de preservar e difundir essa memória. “É uma forma que temos de conscientizar estudantes, moradores e público em geral”, explicou.

Para Mãe Branca de Xangô, a atividade foi gratificante, “porque as pessoas não davam o valor devido à Pedra e já estamos vendo o fruto de tudo aquilo que foi plantado por meio da nossa luta contra a intolerância religiosa. Aqui, a juventude toma conhecimento do que significa orixá, mistérios, Pedra de Xangô, é muito bom”.

Combate à intolerância

A força tarefa para proteção da Pedra de Xangô foi organizada após denúncia de intolerância religiosa referente ao monumento, que tem sido alvo constante de pichações, quebra de oferendas e despejo de sal, protocolada no Centro de Referência Nelson Mandela, que está acompanhando o caso.

Entre outras ações combinadas nas reuniões, realizadas nos dias 14, 18 e 27 deste mês, na Sepromi, destacam-se o tombamento e registro especial da Pedra, pela Fundação Gregório de Matos (FGM) e Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (IPAC), respectivamente, rondas policiais, iluminação e limpeza.

Também foi sugerida a criação de um parque de proteção ambiental e de um fórum de acompanhamento das ações, que incluirá sociedade civil e governos estadual e municipal, não só para Pedra de Xangô, mas com a perspectiva de atuação em outros casos relacionados.

 

Fonte: SEPROMI – Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Em 03/12/14.

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