Pela união do Candomblé

“Hoje amanheci nostálgico. Um pouco incomodado. Penso, sobretudo, na fragilidade de nossas relações. São muitos os irmãos e irmãs de Àsé que se deixam perder nas indagações internas relacionadas à vaidade, concorrência… Por que? Acredito que, na maioria das vezes, falta metas, questões, desafios.
Vivemos em uma sociedade que teima em camuflar o preconceito racial, a intolerância religiosa. Nossa cultura e religião ainda são rotuladas como feitiçaria, superstição, entre outras coisas.
Enquanto isso, nos perdemos em disputas tais como: qual Casa é melhor, quem sabe mais fundamentos, quem tem mais filhos de santo, mais clientes. Ora, candomblé não é empresa, e por isso, não devemos nos levar pela lei da concorrência. Aquele ou aquela, zelador ou zeladora, de outra casa, não são meus concorrentes, meu rivais; são meus irmãos, meus parceiros na luta por um candomblé mais respeitado, mais comprometido com as questões sociais. Não podemos ser rivais pois todos somos vítimas de uma incompreensão e preconceito linear e abrangentes. Questões que afetam todas as Nações e Raízes. Assim sendo, cada Casa de Àsé, cada zelador e zeladora, cada Òmo Òrisá, é meu irmão e companheiro de caminhada rumo à uma sociedade mais justa e uma religião mais respeitada em sua dignidade.
Abramos nossos olhos e coração. Somos todos irmãos. Devemos nos amar, respeitar e, sobretudo, confiar uns nos outros pois, sem confiança, não se pode vencer. Vivemos na luta por nossa dignidade. Somos todos batalhadores por esta causa. Um exército que se divide, sucumbe.”

Baba Kaòbatìná

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