Preconceito e intolerancia.

 

MATERIAL DO SITE G1.COM

23/03/2012 12h23 – Atualizado em 23/03/2012 12h50

Mulher morta em Mairiporã estava cercada por cães, diz testemunha
DHPP investiga se animais causaram ferimentos no rosto de dona de casa.
Vítima foi encontrada em estrada conhecida por rituais religiosos.
Do G1 SP

As duas primeiras pessoas a encontrarem o corpo da dona de casa Geralda Lúcia Ferraz Guabiraba, de 54 anos, em uma estrada de Mairiporã, na Grande São Paulo, em janeiro, disseram à polícia que ela estava cercada por cachorros. As informações foram obtidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que voltou a ouvir testemunhas após assumir o caso. Os animais podem ter causado os ferimentos no rosto da vítima, que estava desfigurada, como informou o SPTV desta sexta-feira (23).

A informação pode modificar o rumo das investigações – até agora, a única hipótese da polícia era a de homicídio, já que um laudo apontou que a causa da morte foi um corte no pescoço. O DHPP quando assume uma investigação, procura ouvir o depoimento da primeira pessoa que denunciou o crime – no caso, um casal que viu o corpo da mulher na Estrada de Santa Inês e o carro dela abandonado.

As testemunhas disseram que o corpo de Geralda estava cercado por animais, e que os cachorros mordiam o rosto dela – o que pode explicar o fato de a face da dona de casa estar desfigurado.

“Tem um laudo do IML [Instituto Médico-Legal] dizendo que teria sido um corte no pescoço, mas tudo isso será investigado. Não é só o laudo pericial que esclarece os crimes, é um conjunto de provas que nos permite concluir se foi homicídio ou se foi suicídio”, disse o delegado Jorge Carrasco, diretor do DHPP. “Nós temos que investigar o porquê. Dentro na nossa experiência, tem alguns suicídios que a pessoa esta envolta em uma série de situações para castigar alguém.”

Câmeras de segurança do prédio onde morava a dona de casa, na Zona Norte de São Paulo, registraram a última vez que ela saiu, no dia 14 de janeiro. Horas depois, a mulher foi encontrada morta na Estrada de Santa Inês, em Mairiporã – um lugar cercado por mata e conhecido pela prática de rituais religiosos.

O carro dela estava com a chave no contato e dentro havia uma garrafa com um líquido esbranquiçado. O rosto da dona de casa estava desfigurado. A perícia concluiu que a morte foi um corte no pescoço.

Geralda tomava remédios para depressão e tinha suspendido o tratamento por conta própria. Dados encontrados no computador apreendido na casa dela revelaram que a mulher havia feito pesquisas sobre veneno de rato, conhecido como chumbinho, e assistido vídeos sobre mortes violentas.

Desde o começo da investigação a polícia trabalhou com duas hipóteses – ritual macabro ou vingança. Várias pessoas foram ouvidas, mas nenhum suspeito foi identificado.

 

Nota do Tomeje.

Vejam como nossa sociedade é preconceituosa sob encomenda com a religião de matriz africana.

Desde o início das apurações a imprensa e as autoridades levantaram a bandeira do preconceito religioso ou pelo menos a tentativa de imputar à religião de matriz africana mais este crime, com os nomes de ritual satânico ou ritual macabro. Baseados, apenas, no fato de a estrada ser conhecida como local onde habitualmente se colocam ebós, mesmo que ainda não houvesse qualquer ligação clara entre o crime, a vítima e uma possível prática “religiosa”.

Será que agora, com testemunhas, que afirmam ter visto os animais ali presentes mordendo e portanto desfigurando o rosto da vítima, alguém vai a imprensa se retratar e pedir desculpas por mais essa agressão a nossa religiosidade? Espero sinceramente que sim, como também espero que os grupos organizados da nossa sociedade exijam este pedido de desculpas público.  Axé a todos, Tomeje.

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