Hoje a minha crônica é sobre a campanha empreendida por setores radicais de algumas igrejas que se intitulam evangélicas em diversos meios de comunicação com o objetivo de proibir seus fiéis de assistirem a novela, que segundo eles, faz menção ao Orixá Ogum.
Muito além de uma campanha intolerante e insana, essa é na minha opinião, uma guerra por audiência. E mais ainda, é uma guerra pelo dinheiro das verbas publicitárias, anúncios e comerciais.
É fato que a emissora de televisão controlada por um grupo DONO de uma igreja, que se diz “ universal” vem amargando baixos índices de audiência há bastante tempo. Então, pensemos. Porque razão uma emissora de televisão colocaria no ar uma trama falida em termos de audiência para concorrer no horário nobre?
Falta de recursos financeiros (doações), simples assim.
A torneira dos donativos vem secando, ou melhor, vem se pulverizando entre tantos pastores e bispos eletrônicos. Os recursos, antes fartos e vindos principalmente dos fiéis e suas contribuições e ofertas, hoje já não são tão abundantes e a concorrência tem sido bastante grande e voraz entre estes segmentos que prometem milagres no atacado. E como estamos falando de empresas, sejam de televisão ou da fé, o ponto de equilíbrio é o lucro. Estas empresas (de televisão ou da fé) tem que gerar lucro custe o que custar, mesmo que este custo seja atacar a crença alheia ou a dominação do seu cliente (fiel) pelo medo.
Precisamos entender o jogo político e financeiro por traz desta campanha. Se pensarmos em termos financeiros, a minha afirmação é facilmente justificada quando nos damos conta de que é absurdamente mais barato reprisar uma novela, mesmo com baixo índice de audiência, do que investir em um novo produto/novela. Principalmente com o histórico de baixos índices de audiência daquela emissora como tem sido fato comprovado.
E se pensarmos em jogo político, e aqui lembrem-se, estamos falando de briga de cachorro grande por espaço na mídia, no coração e na alma dos fiéis. Quem detém a mídia detém o poder, portanto neste caso, falamos do mercado religioso. Então fica fácil entender que aquele que detiver o mercado da fé…. terá mais poder político e mais dinheiro, lucrará mais.
Definitivamente essa campanha não é assunto de religião. A preocupação desta campanha difamatória não é a preservação dos seus fiéis ou uma proibição de fundo doutrinário, é dinheiro mesmo. É uma tentativa de manter-se na frente, não da concorrência e da tal novela, mas dos demais competidores pelas almas incautas, mas recheadas de donativos.
Axé, Tomeje.
10 comentários
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Mídia e religião sempre foram instrumentos de dominação das massas, e quando usadas em parceria a tendência ao desastre é sempre maior: fundamentalismo entrando em nossas casas e tentando invadir as nossas mentes em busca de um rebanho demente e de dinheiro aos montes.
Axé.
Dayane
Autor
Olá Dayane, que bom sua visita. Hoje, numa reunião, eu citei seus textos (em particular o mais recente) para exemplificar a força e competencia dos mais jovens na nossa religião. Aqui no blog, no post “Sou filho de Orixa”, ao responder uma pergunta eu fiz referencia ao seu novo texto, que de fato é uma das melhores reflexões a respeito da decisão de permanecer na religião. Obrigado pelo texto, é belíssimo.
Fundamentalismo não leva a nada, só aponta o caminho da intolerancia. E concordo com o que meu Pai Ogã Rubens de Ayrá falou hoje a esse respeito. Essas pessoas deveriam responder na forma da lei por seus atos, enquanto a lei e principalmente a educação forem permssivas com estes assuntos, a intolerancia vai existir. Grato pela presença, axé, Tomeje.
E Tomege gostariamos que eles respondesem na forma da lei mas para quem tem laços estreitos com o governo fica dificil o lider dessa igreja até participou da posse da presidenta Dilma, como ela gosta de ser chamada. e outra ele tem até passaporte diplomatico.Se o merecimento para ter passaporte diplomatico e ser lider religioso mãe Estela,mãe Conceicão e muitos outros deveriam te esse passaporte Vip.É vamos ter fé quem sabe um dia esses previlegios para poucos acaba.
Autor
Monica, eu tenho certeza de que a questão é muito mais complexa e que a resolução de grande parte dela depende exclusivamente de nós mesmos. Vejamos por exemplo o sucesso de público que é o Ocandomblé e outros blogs e sites e programas de rádio como o próprio Ori ou do Átilla Nunes aqui no RJ, ou os jornais distribuídos no Mercadão de Madureira. São ferramentas de mídia fortíssimas, as pessoas procuram para tirar dúvidas e se aconselhar, ou seja, procuram para resolver a própria situação, não pensam coletivamente. Sempre que falamos em política, eleger um representante da nossa religião, todo esse povo some como se fosse fumaça.
Só percebo mobilização do nosso povo, pelo menos aqui no RJ para as “megas festas de pombagira e malandros”, as casas ficam literalmente lotadas, gasta-se pequenas fortunas com roupas e festas. Mas quando propomos uma reunião para falar com estas pessoas sobre consciencia política, elas riem sínicamente e falam que não creem em políticos.
Nosso povo não é politizado, não tem cultura política e pouco se interessa com o que acontece com o terreiro alheio desde que não afete o seu umbigo (terreiro).
Exemplo disso é que a festa de Yemonjá, promovida pelo mercadão de madureira, tradicional aqui no RJ, está ameaçada de nã acontecer este ano por falta de apoio da prefeitura. Por falta de representatividade política. Nada além disso.
Do outro lado desta guerra, estão os que nos atacam. Eles também não tem um publico politizado, mas sabem pedir votos e ganham estes votos. Eles tem ambições políticas grandes. Eles formam bancadas e negociam acordos. Eles detem um poder midiático incrível e sabem utilizr isso a favor deles.
Nós…. Nós ficamos discutindo e falando mau da festa do Yawo e avaliando se a roupa dele estava bonita ou qual orixa dançava certo ou errado. É uma pena que não tenhamos mais fóruns dispostos a discutir os problemas políticos da nossa religião. Axé e desculpe o tom de desabafo. Tomeje.
Ao ler seu desabafo me lembrei de um coronel aqui da minha terra que já se foi a um tempo, que defendia muito nossa religiao, apesar de nunca ter assumido ser filho da casa que ele frequentava o Gantois.mas para ter a ajuda desse coronel,rsrsr, era preciso retribuir ou seja trabalhar em favor dele.Peço a vc que leia o artigo da ISTOÉ Independente A guerra dos atabaques que vai entender melhor o que estou falando.
Só para finlizar, hoje em Salvador tem muitas pessoas dentro do candomblé com saudades desse coronel,já ouvir muita gente falar, há se ele estivesse vivo.
Autor
Monica eu li o texto e entendi o que vc quer falar. É uma faca de dois gumes. Ficar sem representação é tão ruim quanto ter uma representação ruim? Acho que devemos ter representantes. E acho, principalmente, que precisamos discutir o assunto. Axé, Tomeje.
Obrigada pela menção do texto!
Agô.
Ficar sem representação é quase tão ruim quanto ter uma representação ruim. Por outro lado, alguns de nós reclamamos e não fazemos nada ativamente pra contornar esta situação. Às vezes, falo por mim, não falta coragem e nem vontade, talvez falte estômago pra ouvir e ver passadas de pernas e muita gente do meio religioso buscando mais visibilidade do que ações efetivas e mesmo assim seguir em frente. O que eu vejo acontecer aqui na região é a desunião religiosa prevalecendo também nestes meios onde alguns poderiam fazer algo a mais por nós. Na foto todos posam sorridentes e unidos, por trás querem um cargo melhor, um auxílio da prefeitura melhor ou maior visibilidade para sua casa de axé. E ainda dentro disso entram as fofoquinhas sobre a roupa do orixá do fulano ou a marmota do fulaninho de tal. Isso quando não perdem os argumentos e querem ganhar algo no grito somente.
Os movimentos negros em si e as organizações religiosas “independentes” é que têm se unido e conseguido sacadas eficazes onde o Candomblé acaba se beneficiando.
Já fui muito inflexível sobre esta relação de religião e política. Hoje percebo que há uma grande necessidade, me abro à conversas sobre o assunto, mas, repito, tem que ter estômago pra se enfiar no centro da questão e caráter firme. Eu ainda não tenho esse tipo de estômago e vou de zero à cem sem pestanejar quando vejo e ouço algum absurdo. Por isso, faço o meu pouco pelas beiradas pra evitar mais atrito.
Axé.
Tomege,que loucura e essa de aliança para a supremaçia cristã em Piracicaba! meu Dues eu não sabia que esses politicos tinham chegado a esse ponto.É realmente precisamos de alguem que nós represente na politica ,porque estamos sem voz e vez nos parlamentos só aparecemos por lá como folclore em alguma data comemorativa,
Autor
Monica, nós acompanhamos este e outros casos e na sua maioria não deu em nada a tentativa de cercear.limitar ou mesmo proibir o direito que cada um de nós tem de professar sua religião. Neste cao em específico o texto do projeto de Lei fala proteção aos direitos dos animais, em outro epísódio tentarammudar o nome da cidade Exú, em PE, no RS tentaram proibir que os atabaques tocassem após as 22:00 e tantos outros casos. O problema disso é perceber a ousadia dessas em atentar contra nossa religião, mesmo que de forma disfarçada sem que tenhamos alguém ou algum órgão que defenda nosso povo destes parasitas religiosos. Temos que ter uma associação nacional de direito civil que possamos contar para nos representar. Axé. Tomeje.