IRÊ:

Irê era um reino pequenino, cercado por sete vilarejos, distante 22 Km a nordeste de Ado (a capital de Ekiti).

Irê ganhou fama por ter sido conquistada por Abalaju, o kankofô (general) de Ifé, que por tanto colecionar vitórias em suas batalhas, foi intitulado “ologun” (senhor da guerra) e posteriormente elevado a mito como o Orixá Ogun. Ogun era filho de Odudua, o oni de Ifé.

Quando Ogun tomou Irê, entronou seu filho Ogundaunsi como onirê, e prosseguiu sua odisséia de lutas intermináveis. Segundo os mitos locais, no retorno de uma dessas campanhas militares, Ogun teria se enfurecido com Ogundaunsi e matado o próprio filho. O itan que imortalizou este episódio, relata que estando anos combatendo longe de Irê, Ogun chegou ao reino sem receber festas, nem homenagens, nem mesmo respostas às suas indagações. Tudo era silêncio em Irê. O rei se enfureceu e saiu decepando as cabeças de todos aqueles que estavam a sua frente; até finalmente ser informado de que todos os seus súditos estavam em uma semana de contrição religiosa. Ogun fora então tomado por um profundo remorso que o fez enterrar sua espada no chão e ali mesmo mergulhar desaparecendo com um grande estrondo. Ogun tornara-se assim um Orixá.

No local onde o rei de Irê enterrou sua espada, foi erguido um altar em seu louvor. Este monumento existe até hoje, tornando Irê o centro de adoração a Ogun: o Orixá das guerras, do ferro e da forja.

Embora descendente de Odudua, Ogun nunca quis usar o tradicional adê (coroa feita com franjas de miçangas para esconder o rosto do rei); ele usava uma simples diadema, denominada acorô.

Ogun teve muitos filhos, com as muitas mulheres com as quais se casou ou simplesmente se aventurou. Ogun autorizou seus filhos a se espalharem pela região para fundarem novos reinos: Igiri, fundou Adja Were; Edeyi, tomou a cidade de Ilodô e passou a ser seu governante. O neto de Ogun (Abessan), fixou-se em Ibanigbe Fuditi e ganhou fama como grande guerreiro. Todos esses descendentes de Abalaju, passaram a história sendo conhecidos também como Ogun.

Seu filho bastardo Oraniã, tornou-se obá de Oyó e de outros reinos.

Irê fica em uma região arborizada, com aproximadamente 460 m, de altitude. Hoje, é uma das 21 cidades que compõem o Estado de Ekiti, na Nigéria.

Irê faz parte do chamado Iorubo: os reinos africanos de etnia nagô, que utilizavam o idioma ioruba.

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Rio, 30 de janeiro de 2012.

Márcio de Jagun

Respostas de 5

  1. Olá Tomeje, estava navegando pela internet e encontrei um blog muito bom para quem gosta de pesquisa, sei que o seu blog tem muita informação importante, por isto tomei a liberdade de sugerir a você este outro; O livro, O Sagrado Oraculo de Ifá traduzido por Òsunlékè esta lá disponível, eu acredito que é uma excelente leitura para quem gosta dos versos de Ifá. este é o blog. (Axe Oyo Ile) espero que tenha colaborado; Felicidades e boa pesquisa.

    1. Marcio, bom dia. Somente ontem eu pude ver o site indicado, realmente é bastante interessante. Obrigadão pela dica, volte sempre meu irmão. Axé, Tomeje.

  2. Boa tarde, Tomeje, tudo bem?

    A minha dúvida ou problema, creio que seja até mesmo comum, já que li antes casos semelhantes nas minhas “andanças” pela internet.

    Seguinte, após a minha iniciação, não consigo “virar de santo”. A última vez que senti a energia já faz uns 3 meses, e assim mesmo, não durou creio que nem 2 minutos. A energia do orixa foi embora sozinha…
    Ultimamente, tenho participado de varios ritos internos que de acordo escuto, o orixa deveria ter passado. Praticamente o orixa de todos os meus irmão se apresentam, e eu fico acordado sem mesmo sentir um arrepio.
    O problema que agora já estão surgindo as cobranças e perguntas nas quais não tenho respostas. Isto já está virando constrangimento. Creio que com a pressão que já começou a surgir, acaba dificultando tudo, afinal acabo ficando ancioso em alguns casos.

    Já conversei sobre este assunto com alguns dos meus mais velhos. Recebo orientações para me concentrar, “firmar a cabeça” (o que seria isso? rs), enfim nada disso me deu resultados.
    Embora já me foi explicado como que ocorre o transe geralmente, onde acontece de maneira conciente, porém sem controle sobre si, a unica vez que realmente me senti assim, eu nem mesmo iniciado era ainda.

    Algum conselho? rsrs

    1. Alex eu fiquei alguns anos sem manifestar Ogun, foi complicado e difícil para mim, mas eu fiquei este tempo fora do candomblé por decepções. Mas quando eu voltei para o candomblé, numa Casa de Axé, e muito bem recebido, bastou que a Yá começasse a reza de Ogun para que meu Orixa voltasse com força total, o que me fez imensamente feliz. Meu irmão te aconselho a conversar diretamente com o zelador, não crie interferências nem leva traz, o único prejudicado será vc, porque quando este assunto chegar ao zelador com certeza vai chegar todo torto e pela metade. Acontece de um Orixa ficar um tempo sem manifestar-se. Não há uma regra que diga que todas as vezes que tem oro o orixá dos filhos tem que vir. Concordo que na maioria das Casas isso virou regra sim, mas isso foi criação de algum doido. Os que te olham torto deveriam ajudar, e não criticar, e nãos e colocar como donos da verdade. Procure o zelador Alex é o melhor e mais curto caminho. Axé. Tomeje.

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