BOSIKPON, VODUN DA REGIÃO DE OUÈMÉ:
Na região do rio Ouêmé, no Benin, portanto território de cultura Jêje, são cultuados inúmeros voduns, cuja ritualística se perdeu no Brasil.
O mais conhecido deles, é BOSIKPON. Segundo Pierre Verger, Bosikpon seria o Vodun do rei Yahanze, de Ouèmé Djigbe.
O culto a Bosikpon se estabeleceu em Ouèmé, por conta de Awésu Ahodomè e se estende em várias partes do Dahomé.
Bosikpon, considerado um dos Voduns vermelhos, seria pai dos gêmeos Akli e Dovo que deram origem a uma grande dinastia de voduns.
Akli é adorado em um Templo na cidade de Sèhuè, juntamente com toda sua família mítica: suas esposas Sodo e Zenhuen, seus filhos Niyange, Adan Loko, Aklikò e Akli Lègba.
Dovo tem um Templo em Kpomè. Lá é cultuado com sua esposa Honanu, Masè, Huenhun, Sado, Dòvò, Loko, Dòvò Gu, Dan Vikpe e Se Loko, entre outros.
Na cidade de Kpomè, Dovo é imortalizado pelo mlenmlen (espécie de oriki):
“Rei de Kpomè, quente como ferro em brasa
Ele mata o filho, ele mata a mulher sem piedade
O marido depende dele. A mulher depende dele”
A saudação de Bosikpon é: “Djigbe Wèmènu Ahuèsuwi Dokonu”.
Existe no Benin uma tradição que classifica os voduns reais em três classes distintas:
Os Axosu ou Ahosú (antigos reis mortos);
Os Nesuxué ou Nesuhue: príncipes e princesas mortos;
E os Tòxosú ou Tohosu: crianças deformadas e mostruosas filhos de reis.
No Brasil, apenas existem registros do culto a Bosikpon na Casa das Minas, no estado do Maranhão. Para alguns, devido a sua origem Jêje, Bosikon seria considerado como uma qualidade de Dan, tendo direito a portar o hungebe.
Márcio de Jagun
Babalorixá, escritor, professor universitário, advogado e apresentador do Programa Ori (ori@ori.net.br)