Akunleyan, Akunlegba e Ayanmo
Na cultura do Orisa, nós acreditamos que mesmo antes de nascermos no Aye (Terra), nós escolhemos o nosso destino ainda no Orun (uma espécie de céu). De forma bastante resumida, podemos dizer que essa escolha, que acontece diante da Divindade Ajala, está fracionada em três momentos. A saber:
“Akunleyan” (escolhendo ajoelhado), “Akunlegba” (recebendo ajoelhado) e “Ayanmo” (aquilo que nos é fixado de forma imutável).
Mas, afinal, o que seria cada uma dessas fases, cada um desses destinos que firmamos ainda no Orun, antes do nosso nascimento?
Akunleyan (escolhendo ajoelhado):
Há um provérbio yorùbá que diz: “O Fe Se Rere, Sugbon Akunleyan Ko Gba” (Ele deseja fazer o bem, mas seu “Akunleyan” não o permite fazer).
Esse pequeno ditado mostra que mesmo que alguém queira fazer algo, se esse algo, não tiver sido especificado em Akunleyan, ele terá muitas dificuldades para fazer. Isso acontece porque antes do nascimento, em Akunleyan, ajoelhados diante de Ajala, nós escolhemos aquilo que desejamos passar no Aye. É nesse momento que nós escolhemos se vamos ter uma vida longa ou curta, se teremos sucesso em nossas vidas, se vamos dar alegria às pessoas. Se vamos ter mitos filhos, etc.
Akunlegba (recebendo ajoelhado):
Akunlegba é a fase do desenho do nosso destino que está relacionada à Akunleyan. Na fase anterior nós fizemos uma escolha, nossos pedidos diante de Ajala. Em Akunlegba, nós recebemos de Ajala o destino que vai corroborar para que aquilo que pedimos (akunleyan) se concretize. Assim, se pedimos para ter uma vida longa em akunleyan, em akunlegba receberemos, por exemplo, o destino de nascer em um lugar longe de guerras e de perigos constantes, vamos receber algo para ajudar a concretizar os nossos pedidos em akunleyan. Se pedimos em akunleyan uma vida com muitos filhos, em akunlegba receberemos o destino de encontrar alguém que nos dê muitos filhos, por isso há um verso yorùbá que diz:
“Akunlegba Lowa Lowo Eda, Ko Sogbon Owo, Ko Sogbon Omo” (aquilo que é escolhido de joelhos – akunlegba – o criador mantém. Não há outros meios de conseguir dinheiro, não há outros meios de conseguir filhos).
Ayanmo (o que nos foi fixado):
Nesse momento da nossa destinação no Aye, não temos escolha. Nos será fixada uma parte do nosso destino que não temos meios para alterar, é aquilo que é inalterável, aquilo que é imutável, por isso se diz:
“Ayanmo Mi, Ko Si Eni To Le Yi Pada”(Meu destino pertence a Olodumare, ninguém pode alterá-lo).
É salutar destacar que as fases Akunlegba e Akunleyan, podem sofrer alterações ao longo do nosso percurso no Aye. As oferendas – Ebó, por exemplo, podem alterar aspectos que escolhemos no Orun, mas que não nos recordamos no Aye (não trazemos em nossa memória as nossas escolhas diante de Ajala). Porém, é igualmente importante frisar que Ayanmo é inalterável, não há oferenda – ebó, que consiga alterar aquilo que nos foi predestinado em ayanmo.
A casa de Osumare espera ter contribuído para o esclarecimento da rica e importante cultura do Orisa.
Que Oṣumare Araka, continue olhando e abençoando todos!